O projeto de São Luiz do Tapajós (AM-8.003 MW) não é só importante para aumentar a oferta de energia hidráulica a partir de 2020. A usina é considerada o principal empreendimento hidrelétrico previsto pelo governo para a próxima década. O secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, explicou que a cadeia por traz da hidroeletricidade precisa ser mantida, como consultorias, projetistas, fabricantes de equipamentos, operação e manutenção e construtoras.
“Essa cadeia industrial tem que ser mantida, porque o Brasil detém no horizonte ao menos mais 15 anos de desenvolvimento de hidrelétrica”, disse Ventura. “Os pequenos empreendimentos são complementares. O tipo de construtor de uma pequena central é diferente de uma grande usina. O fabricante de equipamento também é distinto. São atividades que se complementam e ao Brasil precisa das duas.”
Segundo Ventura, o governo mantém a esperança de licitar o empreendimento esse ano. “Dentro do nosso cronograma, essa usina é necessária em 2020 para atender a demanda de energia elétrica do Brasil juntamente com outras usinas.” Por ser um projeto estruturante, Tapajós será licitada em um leilão especial.
O diretor de estudos de energia elétrica da Empresa de Pesquisa Energética, José Carlos de Miranda Farias, confirma as expectativas do ministério. “A questão que está em jogo é crucialmente a questão ambiental e indígena. Querem criar uma terra indígena que até pouco tempo não tinha". Miranda garantiu que os ministérios de Minas e Energia, Meio Ambiente e Justiça estão empenhados em resolver esse obstáculo. Para ele, se a usina não foi licitada até agosto deste ano, o mais recomendável é que se adie o leilão para janeiro de 2016. “Licitar esse ano em novembro ou dezembro não é uma boa para o construtor.”
Miranda ainda revelou que a EPE vai se empenhar em estudar e identificar os melhores projetos hidrelétricos com reservatório de regularização. “E vamos fazer um estudo de viabilidade e vamos colocar para licitação. Esse é o planejamento da EPE”, disse o representante da EPE, que participou da 12ª edição do Enase, no Rio de Janeiro.
Levantamento da Empresa de Pesquisa Energética mostra que existem 71 projetos hidrelétricos com reservatórios que podem ser levados a licitação no futuro pelo governo. Essas usinas, localizadas nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do país, somam 50,7 GW médios e fazem parte de um conjunto de projetos aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica em diferentes fases de desenvolvimento: inventário, viabilidade técnica ou econômica, ou já em projeto básico. A intenção da EPE é retomar o debate sobre a construção de usinas com capacidade de regularização.