Passando por um momento de transição, as PCHs voltaram a se viabilizar nos últimos certames. As mudanças no preço feitas pelo governo nos últimos leilões estimularam o mercado. Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geradores de Energia Limpa, quer que as PCHs sejam tratadas como projetos de baixo impacto ambiental para destravar ainda mais esse novo ciclo de contratação e eliminar possíveis problemas no licenciamento ambiental.
Em entrevista à Agência CanalEnergia, Lenzi também diz acreditar que o ritmo de contratações de PCHs vai se manter nos próximos leilões e lembra que a associação trabalha para desenvolver mais iniciativas como a do selo de energia limpa feito em parceria com a ABEEólica, que certifica produtos feitos com energia renovável. O presidente da Abragel é mais uma das presenças confirmadas na 12ª Edição do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico, que acontece nos dias 27 e 28 de maio, no Rio de Janeiro (RJ). O Enase é copromovido pelo Grupo CanalEnergia e 18 associações do setor.
Agência CanalEnergia: Quais os desafios que a fonte enfrenta em 2015?
Charles Lenzi: As PCHs estão passando por um momento de transição. Temos encontrado uma grande receptividade na Aneel nas questões relativas a maior celeridade na análise e aprovação de projetos e no que diz respeito ao estabelecimento de um preço teto adequado e que estimule a participação dos empreendedores nos leilões de energia. Nossa expectativa é de que ao manter-se esta tendência, com preços teto dando uma sinalização econômica adequada para o mercado e com a promoção perene de leilões que incluam as PCHs, poderemos ter uma crescente participação de projetos de PCHs nos leilões, ampliando a oferta de geração de energia limpa e renovável, de forma distribuída e próxima dos centros de carga. Isso pode permitir o retorno efetivo desta fonte para ajudar a ampliar a matriz elétrica brasileira e, consequentemente, revitalizar a sua cadeia produtiva que é 100% nacional.
Resta também tratar da questão ambiental, que hoje representa um dos principais gargalos do nosso segmento. As PCHs precisam ser tratadas como projetos de baixo impacto socioambiental e que têm enorme relevância para a geração de energia elétrica limpa e renovável. O processo de licenciamento precisaria ser mais célere e simplificado sem, obviamente, implicar na perda de qualidade dos estudos ambientais.
Agência CanalEnergia: Acredita que a contratação de PCHs vai aumentar este ano após as mudanças feita pelo governo?
Charles Lenzi: Nossa expectativa é de que vai aumentar desde que esta política seja perene. O ciclo de desenvolvimento dos projetos é muito longo e só uma política de longo prazo poderá trazer impactos importantes para esta fonte. Entendemos que dois leilões anuais na modalidade A-5 com preços teto que incentivem a participação dos empreendedores é o mais adequado. Quanto mais empreendimentos se interessarem em participar, maior será a competitividade e mais estímulo terá a cadeia produtiva para otimizar custos e processos, implicando em menores preços de energia.
Agência CanalEnergia: Iniciativas como a do selo de energia limpa feita em parceria com a ABEEólica continuam? Há alguma outra inciativa sendo feita pela associação nesse sentido?
Charles Lenzi: O certificado de energia renovável é uma iniciativa muito importante feita através de uma parceria com a ABEEólica. Temos a convicção de que o mercado por energia limpa e renovável vai ser um nicho muito importante no futuro e neste sentido, nosso certificado será um diferencial competitivo significativo. A Abragel também trabalha, juntamente com outras associações do setor elétrico, em iniciativas voltadas para aperfeiçoar as regras para geração distribuída e para a fortalecer o mercado livre como uma outra forma de financiar os projetos de fontes alternativas.
Agência CanalEnergia: Como vê o arranjo para as fontes complementares na matriz energética brasileira?
Charles Lenzi: As fontes complementares deveriam ter uma sinalização de maior representatividade em nossa matriz elétrica. O potencial é imenso e essas fontes são complementares. É possível pensar que a combinação destas fontes, planejadas de forma adequada, podem representar mais de 30% da matriz elétrica brasileira. Nenhum país no mundo tem este potencial.