A solução para o GSF consiste em limitar o impacto o econômico em até 5% da garantia física dos geradores hidrelétricos. Esta seria a proposta em discussão nos bastidores do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional de Energia Elétrica para o problema bilionário que vem afetando os resultados financeiros dos geradores hidráulicos desde 2014, segundo Ricardo Cyrino, diretor vice-presidente de Negócios de Geração da AES Tietê.
"A proposta que estamos desenvolvendo para o GSF consiste em restringir o impacto econômico assumido pelos geradores hidrelétricos a um determinado patamar, por exemplo 5%", revelou o executivo, em teleconferência com analistas de mercado, nesta segunda-feira, 11 de maio. A alocação da parcela que ultrapassar esse patamar é um tema indefinido, mas segundo Cyrino, algumas alternativas estão em avaliação.
Para o presidente da AES Tietê, Britaldo Soares, o mais importante é que o governo e o regulador estão empenhados em encontrar uma solução para a questão do GSF. "Isso é uma evolução significativa. Obviamente que existem desafios para se implementar uma solução, mas hoje a gente percebe que há um interesse genuíno tanto do MME quanto da Aneel. Tanto que está se preparando uma audiência pública para tratar efetivamente do assunto", disse. Ele revelou que a solução pode refletir nos impactos financeiros já suportados pelos geradores. "Existe um desejo que haja uma retroatividade, mas o ponto de partida vai depender do entendimento final de todo o processo que está sendo discutido."
O discurso do governo, a princípio, era que o GSF se tratava de um risco do negócio de geração. Contudo, como explicou Cyrino, há uma série de variáveis que estão fora do controle dos geradores hidrelétricos. Essas variáveis interferem na operação das usinas, como o despacho térmico por segurança energética ou fora da ordem de mérito, ou até mesmo a geração intermitente de usinas despachadas centralizada e variações no consumo.
A AES Tietê destacou que a hidrologia adversa combinada com a manutenção do despacho térmico seguem impactando seus resultados financeiros. No primeiro trimestre, a empresa produziu 944 MW médios, contra 1.292 MW médios em 2014, o equivalente a 61% da garantia física da companhia. O rebaixamento médio do MRE auferido no período foi de 20,7%, contra 3,9% no primeiro trimestre de 2014.
A companhia está prevendo um alto nível de rebaixamento do Mecanismo de Realocação de Energia em 2015. Em função disso, revisou as projeções de GSF e o possível impacto no caixa no ano. A expectativa da empresa é de rebaixamento do MRE entre 17% a 19% no ano, equivalente a um GSF entre 0,83% a 0,81%, o que poderá resultar em um impacto negativo entre R$ 750 milhões e R$ 840 milhões no Ebtida de 2015.