A cobrança por resultados das 16 distribuidoras com maior dificuldade nos quesitos qualidade e relacionamento com clientes vai exigir um esforço concentrado das empresas no próximo biênio, para alcançar as metas regulatórias definidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Executivos responsáveis pela apresentação dos planos de adequação à agência reguladora sabem o tamanho do desafio, enquanto a própria Aneel espera propostas realistas.

Na Ampla (RJ), o plano de resultados entregue à agência na ultima quinta-feira, 7 de maio, tem investimento previsto de R$ 741 milhões de 2015 a 2017. Os recursos serão destinados à automação; à modernização da rede; à manutenção (podas de árvores, correção de problemas em equipamentos); ao reforço das equipes e à melhoria no atendimento comercial, com ampliação dos canais de comunicação com os clientes. O objetivo é melhorar os indicadores que medem a duração (DEC) e a frequência (FEC) das interrupções no fornecimento de energia, reduzir  reclamações, alterar a percepção dos clientes no Índice Aneel de Satisfação do Consumidor – Iasc e aumentar a segurança dos trabalhadores e da população servida pela distribuidora.

O diretor de Regulação da Ampla, José Alves de Mello Franco, informa que entre 2008 e 2014 houve redução de 82% nas ocorrências de acidentes de trabalho na empresa, que aumentou em 1.300 profissionais o número de empregados nesse período. A Ampla está presente em 66 municipios do Rio de Janeiro e atende áreas de ocupação desordenada e alto percentual de perdas como São Gonçalo e Magé, além de regiões de veraneio com carga sazonal e áreas de preservação ambiental.

No grupo das grandes empresas de distribuição, a AES Sul (RS) e a AES Eletropaulo (SP) têm planos para tornar suas redes mais robustas, com investimentos em novas subestações e  circuitos de distribuição; e reduzir o número de ocorrências, com o aumento da capacidade de resposta das equipes em campo, podas de árvores, equipamentos telecomandados e automação. “Nosso plano basicamente é isso”, explica o vice-presidente da operações de distribuição da AES, Sidney Simonaggio.

A AES Eletropaulo pretende atender as metas até o fim de 2016, com investimento em torno de R$ 430 milhões. Na AES Sul, o total previsto até 2017 é de aproximadamente R$ 187 milhões.  Simonaggio afirma que esses investimentos serão complementados por medidas adicionais para  fazer frente a agravamento das condições climáticas. Ele lembra que na área atendida pela distribuidora paulista cairam mais de 2 mil árvores em um mês, no inicio do ano, o que não é normal. No Rio Grande do Sul, foram registrados no ano passado 159 dias de eventos acima da média, com chuvas e ventos de 130 km por hora.

Na Companhia Energética de Brasília, há uma previsão de investimento de R$ 57,2 milhões até o ano que vem na melhoria dos indicadores DEC e FEC, na redução do número de reclamações e na evolução da percepção do consumidor no Iasc, em segurança do trabalho e em recuperação das perdas comerciais. O recursos alocados para obras de seccionamento de baixa tensão, construção de alienadores e recondutoramento, instalação de religadores e chaves telecomandadas e em subtransmissão totalizam quase R$ 40 milhões. A estimativa de perda de receita da empresa com furto de energia, gambiarras e defeitos nos medidores chega a R$ 35,6 milhões.

O plano de resultados da CEB pretende atingir em 2016 as metas estabelecidas pela Aneel para os indicadores DEC (9,97 horas) e FEC (8,47 interrupções). No fim do ano que vem, segundo o diretor-geral da empresa, Ari Joaquim da Silva, nenhum conjunto de consumidores deve ultrapassar, isoladamente, a meta de 29 horas fixadas pela Aneel para o DEC. Para alcançar esse desempenho,a distribuidora do Distrito Federal vai concentrar os esforços nos 50 circuitos de distribuição mais críticos de um total de 388 circuitos. Eles representam 57% da formação do indicador e são responsáveis por 46% do total de reclamações de consumidores. Segundo o executivo, foram selecionadas mais de 200 ações para que o desempenho dos indices de qualidade coincida com as metas da Aneel.

Na Celg Distribuição (GO), a deterioração dos índices é atribuída pelo diretor presidente, Sinval Zaidan Gama, e pelo diretor Financeiro, Cláudio Nilo, à inadimplência setorial que impediu a empresa de aplicar reajustes anuais de tarifas por praticamente seis anos. Sob controle da Eletrobras desde janeiro, a distribuidora espera investir em cinco anos R$ 1,5 bilhão em obras de modernização e de manutenção da rede. “Vamos fazer isso dentro da capacidade dos sistema”, explica Gama. Cerca de R$ 500 milhões foram contratados para ações de curto prazo, voltadas ao atendimento do plano de adequações da Aneel nas áreas de qualidade e atendimento aos clientes.