A problemática envolvendo o GSF já começa a se tornar um fator de risco para a viabilização de projetos hídricos no país. De acordo com o presidente da CPFL Renováveis, André Dorf, é urgente que se ache uma saída que mitigue os custos que os geradores estão tendo por conta da crise hídrica. Segundo ele, o futuro do crescimento da geração hidráulica na matriz está em jogo. "Tivemos R$ 53 milhões de custo com GSF no trimestre do ano. É uma questão que precisa ser resolvida no curto prazo. Esse impacto para os geradores ficou desproporcional ao risco ao fazer o empreendimento", afirma Dorf, em conferência para investidores nesta sexta-feira, 8 de maio.

O executivo classificou o ambiente econômico como desafiador, mas que mesmo assim a empresa estava segundo na sua trajetória de expansão. Após um período fora dos leilões, no último leilão A-5 a CPFL Renováveis viabilizou a PCH Boa Vista (MG – 26,5 MW), que vai demandar investimentos de R$ 158,6 milhões e preço de 207,64/ MWh, que ele considerou adequado aos parâmetros da empresa.

Dorf também lembrou que houve um realismo tarifário nos preços dos leilões, que ficaram bem mais atrativos. Mas ele frisa que esses valores mais altos não estão sendo totalmente capturados pelos empreendedores, uma vez que fatores como desvalorização cambial, custos de financiamento mais caro e inflação foram incorporados a esses novos preços. "Ela [A alta dos preços] nada mais reflete que as condições do mercado. Não se traduz totalmente em margem ou retorno para os players”, observa.

Ele definiu o cenário como difícil, uma vez que o baixo número de projetos inscritos no último leilão reflete um menor apetite. Há ainda problemas pontuais com algumas fontes, como a dificuldade em conseguir equipamentos eólicos. Elogiando a atenção que os órgãos de governo têm dado às discussões de mercado, Dorf não quis apostar se virão mais mudanças nos próximos certames, mas ressaltou que eles mais do que nunca devem estar competitivos. "Existe uma preocupação em ser aderente a condição do momento", aponta.