Primeira entre as distribuidoras federalizadas do grupo Eletrobras a receber recomendação para ser incluída no Programa Nacional de Desestatização, a Celg-D (GO) deve atrair o interesse das grandes empresas do setor na disputa por uma eventual aquisição de controle. A opinião é do diretor-presidente da concessionária, Sinval Zaidan Gama, conhecido por sua atuação como interventor da Cemar (MA), na década passada, e em cinco das oito empresas do antigo grupo Rede que passaram em 2013 para o controle da Energisa. “Vai ter concorrência, e fortíssima. Os maiores grupos brasileiros vão se digladiar”, prevê o executivo.

A proposta de inclusão da empresa no PND foi feita pelo Conselho Nacional de Desestatização, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em resolução publicada no Diário Oficial da União da última quarta-feira, 6  de maio. A decisão, segundo o Ministério de Minas e Energia, é  resultante das negociações entre Eletrobras e o governo do Estado de Goiás que possibilitaram a transferência do controle da distribuidora para a estatal. “No âmbito daquelas tratativas estava prevista a possibilidade de alienação do controle a terceiros”, afirmou o ministério, em resposta à Agência CanalEnergia.
 
Em comunicado ao mercado na última quinta-feira, 7, a Eletrobras informou que depositará as ações representativas de sua participação no capital social da Celg-D no Fundo Nacional de Desestatização em, no máximo, cinco dias a partir da publicação de decreto presidencial com a inclusão da empresa no PND. A estatal detém 50,93% das ações da distribuidora. A operação de transferência de controle foi concluída em 27 de janeiro desse ano, após um período de gestão compartilhada da Eletrobras com o governo do estado, antigo controlador.

Há 40 dias à frente da concessionária, Gama acredita na renovação da concessão da Celg. “O jogo já está sendo jogado”, afirma, o executivo, que considera que a inclusão no PND facilita o acesso a recursos no mercado. A distribuidora foi uma das 16 empresas a apresentar à Agência Nacional de Energia Eletrica um plano para melhoria dos indicadores de qualidade na prestação do serviço.

A Celg-D tem previsão de investimento de R$ 1,5 bilhão em cinco anos, além de R$ 3,5 bilhões para custeio, operação e manutenção. O presidente da empresa conta que nesses 40 dias  foram negociados quase R$ 500 milhões em financiamento com bancos privados a taxas maiores que as aplicadas em investimentos em infraestrutura de longo prazo. Desse total, R$ 150 milhões já estão em caixa e o restante deve ser liberado ainda no mês de maio.