O presidente da Comgás, Luis Henrique Guimarães, afirmou nesta quarta-feira, 6 de maio, que a companhia tem contatos para sete ou oito empreendimentos termelétricos em sua área de concessão. Ele não disse os nomes dos investidores nem quais projetos seriam estes, afirmou apenas que se tratam de centrais de geração tanto de partida rápida quanto de projetos de maior porte.
De acordo com o executivo, um fator que vem travando por enquanto o avanços desses projetos é a perspectiva de encerramento dos contratos da Comgás com a Petrobras em 2019, assim como do gasoduto Brasil Bolívia. “O interesse por esse tipo de projeto cresceu rapidamente, temos 1,5 milhão de metros cúbicos de excedente diários até 2019 que podem atender a demanda de um projeto térmico, mas o empreendedor deve ter clareza no fornecimento após 2019”, disse ele em teleconferência com jornalistas sobre os resultados da empresa no primeiro trimestre do ano.
Guimarães se refere ao horizonte de 2019 em função da concessionária não ter firmado acordo de fornecimento de longo prazo para ter o insumo. Segundo ele, para se ter certeza, a partir do final dessa década é preciso se pensar no GNL para participar de um leilão da Aneel, uma vez que a regra exige a comprovação de contratos do combustível.
Para o presidente da Comgás, os resultados dos dois últimos leilões A-5 que viabilizaram as duas térmicas do Grupo Bolognesi em 2014 e, na semana passada, a UTE da Genpower em Sergipe, são o sinal de que o país vê que o gás precisa fazer parte da matriz de geração no pais. Nesse sentido, a Comgás apoia a ideia revelada ontem no Forum Cogen/CanalEnergia pelo secretário de energia de São Paulo, João Carlos Meirelles, de que o governo estuda a viabilidade de se instalar um terminal de regaseificação de GNL no estuário de Santos ou como alternativa em São Sebastião.
Um dos projetos que podem estar nesse alvo é a térmica de 250 MW que o governo tenta viabilizar por meio de chamada pública da Emae para a criação de uma sociedade de propósito específico, também revelada no evento de quinta-feira. O secretário paulista disse que a meta era a de utilizar esse excedente da Comgás para ter a usina em parceria com a iniciativa privada.
Enquanto esses projetos não são viabilizados a empresa reportou no primeiro trimestre do ano um fornecimento de 8,9% mais elevado do que no mesmo período do ano passado. A Comgás tem apenas a UTE Fernando Gasparian em sua área de concessão, uma usina de propriedade da Emae, mas que é operada pela Petrobras. Essa central, localizada na zona sul da capital paulista, consumiu 225,3 milhões de metros cúbicos de gás nos três primeiros meses do ano, um volume que representa 17% do total fornecido pela empresa no ano. Contudo, esses contratos são back to back, ou seja, a Petrobras tem que fornecer o gás adicional para o abastecimento da central, independentemente dos contratos regulares da concessionária.
Outro segmento que utiliza o gás para a geração de energia, vapor e refrigeração, o de Cogeração e que é a aposta da Comgás para o crescimento da empresa para enfrentar a crise energética, apresentou redução de 5,7% em termos de volume distribuído com 70,6 milhões de metros cúbicos. Essa variação explicou a empresa deve-se à redução na produção de algumas plantas por manutenções preventivas ou corretivas, além disso, citou a baixa atividade no mercado têxtil. Essa unidade de negócios da Comgás representou 5% do volume de gás distribuído.
O setor industrial continua a ser de longo o mais significativo com 69% do total distribuído pela empresa. Nesse segmento houve uma retração de 2,3% no montante de gás entregue e, segundo a companhia, refletiu a desaceleração da atividade econômica da indústria, principalmente no segmento automotivo.