O fato de haver outros certames com melhores condições para as fontes eólicas e biomassa, comprometeu o resultado do leilão de fontes alternativas, realizado nesta segunda-feira, 27 de abril. O LFA contratou apenas 96,9 MW médios. “O empreendedor preferiu ir para outro leilão”, disse Elbia Gannoun, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica. “Não fiquei nem um pouco surpresa, pois esse ano vamos ter vários leilões. Esse em particular era A-2. O risco era muito alto”.
Elbia destacou que os anos de 2014 e 2015 são de transição nos modelos transmissão e financiamento. Essas duas características elevaram os riscos do negócio. O prazo para operação das usinas também foi influenciou na decisão dos agentes, que teriam apenas dois anos para colocar os projetos em pé. “Considerando que nós temos outras possibilidades de leilão, o empreendedor tomou a decisão mais racional, de dar o lance naquilo que o risco é menor”, declarou Elbia. A executiva, contudo, continua com a expectativa de que a fonte viabilizará muitos novos projetos ao longo deste ano. “A eólica vai fazer suas escolhas, por ser uma indústria madura, que sabe exatamente quais são os seus custos, suas dificuldades e seus prazos. O investidor vai escolher o que achar mais racional do ponto de vista econômico.”
No LFA, três projetos eólicos novos venderam energia (Cristalândia I, II e II – 30 MW cada), todos localizados em Brumados na Bahia. Os futuros parques são uma parceria entre a Sowitec do Brasil Energias Renováveis e a Enel Green Power. Segundo Elbia, a EGP está com uma estrutura forte para participar dos leilões, com muitos projetos em carteira e um contrato amplo de fornecimento de equipamentos eólicos. Além disso, a companhia geralmente consegue encontrar alternativas de financiamento que não o BNDES.
Para o gerente de bioenergia da União da Indústria da Cana-de-Açúcar, Zilmar de Souza, a proximidade do leilão A-5, marcado para 30 de abril, e o preço mais atrativo naquele certame para a biomassa, certamente influenciou a decisão dos agentes. O LFA comprou energia de oito projetos a biomassa existente, cinco no estado de São Paulo, dois em Goiás e um em Minas Gerais. “São empresas tradicionais, algumas cuja decisão de investimento foi tomada bem antes”, esclareceu. Segundo Souza, o mais importante é o governo manter a contratação da fonte e o processo de recuperação dos preços tetos. Além disso, o setor sucroenergético depende de uma política setorial concatenada. “Enquanto não tivermos um sinalização do papel do etanol e da bioeletricidade, certamente a biomassa não vai poder contribuir o quanto ela pode”.
O 3º Leilão de Fontes Alternativas contratou 16.988.508 MWh em energia. O preço médio ao final das negociações foi de R$ 199,97 por MWh, com deságio de 1,96% em relação aos preços tetos estabelecidos para os produtos, representando uma economia de R$ 67,9 milhões para os consumidores de energia. Um dos produtos, energia de biomassa para entrega a partir de 2017, não registrou negociação; na contratação de novas usinas eólicas para fornecimento em 2017, o preço médio final foi de R$ 177,47 por MWh; enquanto usinas existentes de biomassa negociaram a R$ 209,91 por MWh no produto com entrega para janeiro de 2016.
Participaram do certame, como compradoras da energia negociada, 34 concessionárias de distribuição, com destaque para a AES Eletropaulo (que contratou 45% do total comercializado no leilão), Coelba (8,5%) e Light (5,5%). Por parte dos vendedores, houve 9 empresas que fecharam a comercialização de energia. Além do A-5 agendado para o dia 30 de abril, mais seis leilões para contratação de energia são esperados para este ano.