A semana que começa nesta segunda-feira, 27 de abril, promete ser agitada, com apenas quatro dias úteis o país terá dois leilões. E a expectativa é de que, em ambos certames, haja competitividade em decorrência de preço teto atrativo para todas as fontes, como as PCHs apostam em uma ampla participação. Até mesmo usinas renegadas como as térmicas a carvão têm possibilidade de entrar na disputa com condições de fechar contratos no A-5.
Todo esse otimismo é viabilizado pelo preço teto considerado de forma unânime como viável para as fontes. Mas, nem sempre preço elevado significa tarifa mais alta, segundo a diretora da Thymos Energia, Thaís Prandini. Ela diz que o preço mais elevado atrai mais investidores e naturalmente se obtém maior competitividade. Com essa competição, diz, pode-se chegar até a preços mais baixos por conta das disputas, e exemplificou o caso do leilão para a fonte solar no ano passado. O presidente da AbraPCH, Ivo Pugnaloni está otimista. A perspectiva para o executivo é de que se consiga viabilizar todos os projetos habilitados ao leilão. “Se tivéssemos mais projetos cadastrados e habilitados conseguiríamos contratar mais ainda”, comemorou ele.
O presidente da entidade voltou a lamentar apenas que o preço só foi conhecido após o encerramento das inscrições. Contudo, diz que reabertura do cadastramento para o A-3 de 24 de julho, por menor que seja esse tempo, poderá colocar mais de 90 projetos da fonte na disputa em função da celeridade de análise dos projetos na Aneel. Outro fator que pode levar a esse aumento de projetos na disputa é o preço-teto para o certame.
De acordo com a diretora da Thymos Energia, realmente o preço teto para a PCH no A-5, do dia 30, abre uma boa perspectiva de contratação. Segundo ela, o preço da fonte poderá até mesmo apresentar deságio em decorrência da concorrência que o valor de R$ 210/MWh para a fonte deverá proporcionar. “O preço já ajustado com as condições de financiamento que estão piores que no passado colocaria o valor da tarifa dessa fonte na faixa entre R$ 190 e R$ 200/MWh”, disse.
Além disso, Prandini avalia que os valores para as térmicas deverá levar sim à contratação de alguma a carvão no sul, mas nesse caso sem muito deságio por estar o preço-teto bem justo, sem grande margem de manobra. Mas quanto às usinas a gás natural ainda pairam dúvidas sobre a viabilidade de contratos de fornecimento do combustível, que é o maior problema enfrentado pelos investidores no país. Entre as possibilidades de usinas nessa modalidade lembra que poderia ser negociada uma extensão de contrato da Petrobras com a Copel para a UTE Araucária. Outros projetos que poderiam ser destravados seriam os que utilizam GNL a exemplo do que fez o grupo Bolognesi no último A-5, mas ainda existem mais dúvidas do que certezas quanto ao modelo utilizado nessa oportunidade.
E ainda, disse a executiva, há uma perspectiva de que a AES Tietê poderia até mesmo fazer um swap com a Petrobras para comprar GNL no exterior e entregar em um terminal de regaseificação em troca de receber gás natural para abastecer uma térmica no interior de São Paulo. “Essa é uma alternativa que ouvimos falar no mercado e que poderia ser viável, mas tudo depende de negociação”, ressaltou.
Para o presidente da Associação Brasileira de Carvão Mineral, Fernando Luiz Zancan, o valor de R$ 281/MWh é considerado razoável e deverá viabilizar projetos. O problema é a questão do investimento que á atrelado ao dólar e que pode pesar na hora do lance. O cenário macroeconômico, segundo ele, deverá ter forte influência na decisão dos empreendedores em oferecer energia no certame.
O gerente de bioeletricidade da Única, Zilmar de Souza, destacou que o encerramento das inscrições de projetos antes de se conhecer o preço reduziu o número de usinas que poderiam participar do Leilão de Fontes Alternativas desta segunda-feira, 27 de abril. Ele argumenta que o interesse abaixo que o segmento tem de potencial deve-se à memória do setor de preços baixos e que impendem a competição desses projetos em leilões em um passado recente. “Temos ainda a indefinição do papel da bioeletricidade na matriz elétrica nacional. Não adianta pensar nessa fonte sem pensar no bioetanol, há a necessidade de uma política energética consolidada nesse campo”, disse ele.
Em comparação aos dois leilões que a fonte participará, o executivo da Única diz que projetos novos mesmo deverão ser vistos no A-5 mais do que no LFA. Essa posição também é defendida pela diretora da Thymos. A conta é simples, diz, se em um leilão o preço teto é de R$ 215/MWh e na mesma semana o preço do certame é de R$ 281/MWh, ambos para energia nova, é meio que óbvio que os projetos novos serão negociados no A-5. No LFA, a tendência é de se ter a biomassa contratada para 2016 e as eólicas para 2017, mas nesse último caso, limitado pela capacidade de entrega de equipamentos por parte dos fabricantes.
Essa impressão é confirmada pela presidente executiva da ABEEólica, Élbia Silva Gannoum. Segundo ela, o fato deste ser um leilão com aspecto A-2 e as fábricas estarem com muitos pedidos em função de leilões passados, há uma certa dificuldade em atender a demanda por conta da fila de espera. “Se esse leilão fosse um A-3 a situação seria diferente, mas há pouco prazo para a entrega de equipamentos diante do alto volume de vendas em 2013”, afirmou.
Além disso, outro problema que pode limitar a contratação pelo pouco tempo a se iniciar a operação dessas usinas que serão viabilizadas no LFA é a conexão, pois há limitação para a construção dessas linhas em pouco tempo. Mas de forma geral, deve haver demanda porque o governo precisa de aumentar a segurança de fornecimento de energia e a eólica é uma fonte que entrar rapidamente em operação. Das UHEs, a expectativa da Thymos é de que a de Itaocara (RJ, 155 MW) atraia mais investidores, uma vez que a usina já foi colocada no leilão do ano passado mas não teve interessados.