A PSR, em conjunto com o Instituto de Investigação Tecnológica da Universidade Pontifícia Comillas de Madrid, ganhou uma concorrência internacional para atuar junto à associação dos geradores colombianos – Acolgen – para obter uma solução de consenso entre os seus associados em face a crise no setor elétrico da Colômbia. Além disso, também serão apresentadas alternativas para o desenvolvimento futuro do mercado colombiano, que serão encaminhadas à presidência do país.
Segundo Luiz Barroso, diretor da PSR e também do projeto na Colômbia, o país possui um modelo de mercado dos mais avançados do mundo, com ofertas de preços para o despacho e formação de preços no sistema e liberalização completa do mercado à competição. "O país teve uma série de dificuldades para assegurar o suprimento de gás às térmicas, que associado ao forte El Niño e a alguns aspectos do seu marco regulatório, ameaçaram todo o desenho de mercado do país", comentou Barroso.
"O desafio do projeto é buscar uma solução de consenso entre os associados da Acolgen, que são bastante diversificados. No entanto, o setor elétrico colombiano quer superar a crise atual através de soluções de mercado, com o estímulo à participação da demanda, avaliação de uma mudança em sua matriz energética que combine planejamento e competição e o desenho de incentivos econômicos para o estímulo à contratação de energia, mas sem obrigar a demanda a estar plenamente contratada", explicou Barroso, que também é pesquisador associado da Universidade Pontificia de Comillas.
Entre as atividades da PSR ainda estão a análise de incentivos para a implementação de resposta pelo lado da demanda, desenho de um mercado de contratos de energia e mercados intra-diários para a precificação de serviços ancilares e de garantias financeiras para a comercialização de energia. O fenômeno El Niño vem afetando profundamente, segundo a PSR, o setor elétrico do país. Além do forte esvaziamento dos reservatórios causado pela escassez de chuvas, uma falha em fevereiro na hidrelétrica de Guatapé, que possui capacidade de cerca de 600 MW e o maior reservatório do sistema, contribuiu ainda mais para comprometer a segurança de suprimento do sistema. Isso motivou o governo a lançar uma campanha de incentivos à redução da demanda para evitar um racionamento.
Pelo lado comercial, Barroso explicou que a Colômbia possui um mecanismo de remuneração da capacidade de geração onde, voluntariamente, os geradores vendem em leilões obrigações de energia firme (OEF) ao sistema, visando garantir a segurança de suprimento. As OEFs são contratadas pelo governo de forma centralizada, similarmente aos leilões de energia de reserva no Brasil. Por este mecanismo, os geradores recebem uma remuneração fixa para estarem disponíveis e obrigatoriamente produzirem sua energia firme sempre que o preço spot superar um preço de escassez.
O diretor da PSR conta ainda que em função do El Niño, há cerca de quatro meses o preço spot do mercado atacadista colombiano está próximo de US$ 300/MWh, superando o preço de escassez, definido atualmente em US$ 100/MWh. Os geradores, segundo Barroso, têm tido dificuldades de produzir suas energias firmes. No caso das térmicas, o preço de escassez, que remunera a sua geração, se tornou inferior ao real custo de produção das mesmas, já que o combustível subjacente teve uma indexação distinta àquela embutida neste preço. Isto causou uma situação de insolvência financeira nas térmica, que são fundamentais no momento para garantir o suprimento.