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O preço da energia no mercado à vista triplicou deste o início do ano, mesmo com o consumo nacional apresentando pouca variação em relação ao ano passado. A elevação do preço é resultado da hidrologia desfavorável verificada no período úmido que se encerrou em abril. As chuvas que caíram entre novembro e abril não permitiram a recuperação esperada para os reservatórios das hidrelétricas, o que levará a uma utilização mais intensa da energia térmica e a um custo maior do sistema ao longo do ano.

Em janeiro, o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) médio no submercado Sudeste/Centro-Oeste era de R$ 121,44/MWh. O indicador terminou abril em R$ 371,47/MWh, o que representa um aumento de 205,88%. A previsão do preço médio anual do PLD do Sudeste é de R$ 354/MWh em 2017, contra R$ 94,10/MWh em 2016.

A projeção atualizada apresentada pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta terça-feira, 2 de maio, indica que o PLD ficará na faixa de R$ 400/MWh a R$ 500/MWh até outubro, com redução prevista a partir de novembro de 2017, podendo atingir o patamar mínimo em maio de 2018.

Para a primeira semana de maio, em função também das mudanças de parâmetros de aversão ao risco, o preço foi fixado em R$ 448,58/MWh. Esse valor também será praticado pelo submercados Sul e Nordeste. Apenas o Norte permanece no patamar mínimo de R$ 33,68/MWh.  “Os níveis de armazenamento não sofreram o replecionamento como era esperado para esse mês de abril”, disse Rodrigo Sacchi, gerente de preços da CCEE.

Em sua rede social na internet, o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Indústrias de Energia Elétrica e de Consumidores Livres (Abrace), Edvaldo Santana, criticou a escalada dos preços do mercado spot. “O PLD deu novo salto. Mudanças nos parâmetros de aversão, limites de intercâmbio etc são as justificativas. Mas o salto foi de mais de 40%, quando, entre uma e outra semana, não houve qualquer grande mudança estrutural nas condições de oferta e demanda. Ou seja, parece não haver justificativas factuais para tamanho aumento de preço.”

As afluências previstas para o sistema em abril ficaram em 67% da Média de Longo Termo (MLT), abaixo da média em todos os submercados: Sudeste (72%), Sul (79%), Nordeste (24%) e Norte (74%). Em maio, as ENAs são esperadas em 74% da MLT, também abaixo da média em todo o país, principal fator para o aumento dos preços no Sudeste, Sul e Nordeste.
O nível dos reservatórios no final de abril era de 41,8% no Sudeste, 43% no Sul, 21,7% no Nordeste e 65,9% no Norte. A carga em abril realizou 1.765 MW médios abaixo do previsto.