Uma pesquisa realizada pela consultoria Accenture com mais de 100 executivos de concessionárias de energia, em mais de 20 países mostra que 58% dos respondentes acreditam que, em 2030, a GD levará à redução de receitas. Segundo o estudo, esse sentimento é atribuído ao avanço da geração distribuída (GD), incluindo baterias solares fotovoltaicas residenciais e a combustível.
De acordo com o estudo Digitally Enabled Grid, que chega a sua quarta edição, a preocupação é maior na América do Norte e Ásia-Pacífico do que na Europa, por conta da prevalência, nestas regiões, de concessionárias verticalmente integradas e que enfrentam o impacto da queda na receita de vendas de energia combinada ao aumento dos custos de rede para uma entrega de energia confiável.
Essa posição, contudo, não é exclusividade de concessionárias fora do país. Em reportagem especial Futuro da distribuição começa a se desenhar no presente, veiculada pela Agência CanalEnergia em março, as empresas confirmaram que a tendência para o futuro é de que o seu negócio mude de perfil. As companhias deverão passar a ser prestadoras de serviços em poucos anos, e é o avanço da GD que vem se mostrando como o maior ponto de inflexão para o segmento já que as receitas deverão apresentar retração ao mesmo tempo em que novas oportunidades de geração de receita adicional se colocam para essas companhias.
Os executivos da pesquisa da Accenture afirmam que as maiores preocupações relacionadas à geração distribuída na capacidade de hospedagem de rede das concessionárias virão de fabricantes de energia com GD em pequena escala (citado por 59%), seguidos por GD conectada de média ou alta tensão, como usinas de energia solar de grande porte (28%).
Cerca de 60% desses executivos esperam um aumento nas falhas de rede até 2020, devido ao uso mais volátil dessa infraestrutura, desencadeado pela implantação de geração renovável distribuída. Esse mesmo volume de opiniões apontam que haverá a exaustão de sua capacidade de hospedagem de GD no prazo de 10 anos, ou antes desse período. Depois disso, acomodar a nova GD na rede de distribuição exigirá custos de reforço de capital cada vez mais elevados. Diante desse tipo de problema, apenas 14% das concessionárias de distribuição têm uma previsão bem clara de sua capacidade potencial de hospedagem de rede de geração distribuída.
Na avaliação da diretora executiva de Transmissão e Distribuição da Accenture, Stephanie Jamison, a geração distribuída tornou-se uma forte tendência graças ao ritmo intenso da evolução tecnológica, cenários econômicos mais favoráveis e à acessibilidade e apelo ambiental crescentes da energia solar fotovoltaica residencial. E que a combinação da energia solar fotovoltaica com opções mais econômicas de armazenamento em bateria é uma solução para a demanda e eficiência energética que dará aos consumidores mais poder e exigirá mais flexibilidade e diferentes tipos de serviços das concessionárias de distribuição.
Para a executiva, apesar dos desafios que a integração dessas novas tecnologias representa, é essencial atender às expectativas crescentes dos consumidores e posicionar as concessionárias para que forneçam modelos de negócios baseados em serviços, que possam gerar novas receitas.
Os executivos das concessionárias veem a integração de geração distribuída como o desafio de negócio que mais cresceu ao longo dos últimos dois anos. Em resposta ao efeito da GD na rede, a maioria das concessionárias prevê a implantação de um conjunto amplo de novas capacidades ao longo dos próximos 10 anos em temos de planejamento de capacidade da rede, suporte de armazenamento e operações de geração distribuída. Mas ainda há um longo caminho à frente.
Complementando o estudo, a modelagem econômica da Accenture revelou que a implantação de soluções de rede inteligentes voltadas para o cliente poderia reduzir os gastos de capital para o reforço de redes de pequena escala da GD em cerca de 30% até 2030, nos Estados Unidos e na Europa; o equivalente a reduções que estão em uma faixa de US$ 6 bilhões e US$ 16 bilhões.
As reduções no custo seriam possíveis por conta das tecnologias de otimização de redes para maior eficiência, em uma faixa de operação mais dinâmica. Por exemplo, os incentivos de localização poderiam orientar o investimento para trechos da rede com custos de reforço mais elevados; a redução da produção da GD poderia ser feita em momentos críticos, e os serviços de armazenamento e resposta à demanda poderiam ser implantados.