A agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu pela primeira vez uma nota à Matrix Comercializadora. O rating é ‘BBB(bra)” em escala nacional de longo prazo com perspectiva estável. A empresa comemorou essa nota e destacou que com esse selo poderá acessar mercado de capitais com custos menores do que os praticados atualmente no mercado financeiro nacional. Inclusive, nos planos da empresa está a preparação de uma emissão de R$ 75 milhões que deverá ser lançada entre 10 a 15 dias, cuja a demanda é de cerca de 2 a 3 vezes a oferta.
“O nosso rating só não foi melhor porque a nota do setor elétrico é menor ainda e isso puxa a avaliação para baixo. Segundo a própria Fitch, nossa nota poderia ter alcançado ‘A-(bra)’, mas em função de atuarmos em um setor de nota mais baixa não foi possível alcançar um nível mais elevado na escala e que estaria mais relacionado com a capacidade financeira da empresa”, comentou o diretor presidente da Matrix, Cláudio Monteiro. A perspectiva é de que essa emissão também tenha a nota igual ou superior ao que a companhia obteve.
Na avaliação do executivo, a nota obtida reflete o trabalho que a companhia vem desenvolvendo e entregando ao mercado e acionistas. Ele cita os números obtidos pela Matrix em 2016 com R$ 850 milhões em faturamento e R$ 31 milhões de lucro líquido com a negociação de cerca de 850 MW médios ao mês, sendo que 250 MW médios foram de energia incentivada. “Para esse ano a nossa expectativa é de obter um faturamento de R$ 1,5 bilhão com lucro líquido de R$ 70 milhões e negociação de 900 MW médios ao mês, sendo 300 MW médios de energia incentivada”, apontou Monteiro em entrevista à Agência CanalEnergia.
Em seu relatório, a Fitch destaca que apesar de a Matrix estar em um segmento de mercado que possui risco acima da média, possui um risco atenuado pela expectativa de que a empresa mantenha adequado perfil financeiro, mesmo com uma planejada contratação de dívida e moderada posição de liquidez. E ainda corrobora o que disse Monteiro ao reforçar que por estar vinculada ao setor elétrico brasileiro, a análise incorporou o fato de a Matrix estar sujeita a um moderado risco regulatório.
Outro ponto destacado no relatório aponta que “a volatilidade inerente ao setor de comercialização de energia, que pode ser observada pela forte variação dos preços médios de venda e de compra de energia praticados no mercado nos últimos anos, limita a classificação da Matrix. Esta volatilidade traz como desafio manter uma estratégia comercial eficiente, de modo a preservar a rentabilidade de suas operações ao longo do tempo, sem que isto gere significativa exposição a risco. No caso da Matrix, a Fitch considera positivo o fato de a empresa buscar reduzir sua exposição a esta volatilidade por meio da aplicação de cenários de estresse nos preços de energia em relação aos seus contratos de compra ou de venda de energia descobertos, de forma que potenciais perdas não representem mais do que 50% de seu menor caixa projetado para o período em análise.”
O cenário base da Fitch considera que a Matrix apresentará fluxo de caixa das operações (CFFO) e fluxo de caixa livre (FCF) negativos este ano. Esse fator poderá ser registrado por conta de desembolsos com a antecipação de pagamentos na compra de energia como forma de buscar preços mais atrativos na aquisição e maiores spreads na comercialização desta energia. Federico Marsano, diretor Financeiro da Matrix explicou que a meta é a de buscar maior rentabilidade futura com esses pagamentos antecipados. “Esse ano estimamos entrega novamente um retorno entre 100% a 120% aos nossos acionistas, assim como em 2016, mas com uma base de patrimônio líquido maior do que no ano passado”, destacou.
Aliás, Monteiro, lembrou que mesmo a emissão que a empresa planeja tem como meta aproveitar novas oportunidades de pré-pagamento de energia e reforçou que o mercado tradicional apresenta um custo elevado para esse tipo de operação.
Segundo a Fitch, a estrutura de capital da Matrix se beneficia da reduzida necessidade de investimento em ativos fixos em seu segmento de negócio, o que contribui para que não haja demanda por financiamentos. Com esse aspecto, a empresa não possuía dívidas ao final de 2016. Para a Fitch, o risco de uma captação para capital de giro seria a ausência de contrapartes ofertando energia de longo prazo com pagamento antecipado a preços atraentes ou uma utilização pouco rentável dos recursos, insuficiente para suportar o custo financeiro da dívida assumida.
Outros aspectos que foram considerados na avaliação foram as margem reduzidas, mas que são inerentes ao negócio. Na visão da Fitch, isto é resultado da estratégia da empresa de ter uma atuação muito ativa no mercado, operando com altos volumes e spreads reduzidos. Além disso, destaca a posição em seu segmento ao afirmar que “o perfil de crédito da Matrix se beneficia de sua destacada posição no segmento de comercialização de energia no Brasil. Em 2016, ao negociar 817 MW médios, a Matrix se posicionou como maior grupo, entre as comercializadoras independentes, em termos de energia vendida. A Fitch considera que a experiência dos executivos da companhia no mercado em que atua, anterior à constituição da Matrix, é positiva para a gestão comercial e para a administração de riscos, dentro de uma indústria com alta volatilidade, elevada competição e baixas barreiras à entrada de novos concorrentes.”