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A venda de dois complexos eólicos para a Echoenergia, empresa da britânica Actis, é mais um movimento da Casa dos Ventos no sentido de obter liquidez no mercado e assim poder ser mais competitivo nos próximos leilões de energia no país com seus 15 GW de projetos no pipeline. Inclusive, possibilita a liberdade para a companhia buscar equipamentos importados e não depender do BNDES para o funding dos projetos, uma vez que os equipamentos estão sendo ofertados a preços mais competitivos que os nacionais.

Segundo o diretor de Novos Negócios da geradora brasileira, Lucas Araripe, para as empresas que não possuem essa disponibilidade de caixa e precisam dos recursos para investir, a saída natural é o BNDES e o Finame para que o funding de um projeto seja equacionado. Ele disse que a venda de parques para a Cubico em janeiro do ano passado e agora para a Actis deixa a companhia com recursos para investimentos com recursos próprios sem a necessidade de conviver com empréstimos de longo prazo. Outra ferramenta que pode ser utilizada no auxílio desses investimentos, acrescenta o executivo, são as debêntures de infraestrutura e acesso a capital externo, o que poderia facilitar o acesso a equipamentos importados.
“Estamos abertos a pensar fora da caixa do ponto de vista de financiamentos e equipamentos. Hoje podemos importar dos Estados Unidos e Europa que chegam aqui com preço mais competitivo que o nacional, produto de primeira linha a custo inferior de aquisição quando comparado ao nacional. Por isso, se tiver recurso em caixa ajuda acessar esses equipamentos. Se a empresa não tem recurso vai no BNDES e às regras de aquisição de produto nacional. Portanto, essa liquidez nos possibilita pensar fora da caixa e é o que vamos fazer”, afirma ele em entrevista à Agência CanalEnergia.
O valor da negociação fechada nesta segunda-feira, 15 de maio, não foi revelada, mas em um cálculo preliminar, poderia ajudar a empresa a desenvolver projetos novos que somariam cerca de 500 MW de capacidade instalada. Esse é apenas uma parcela de toda a gama de projetos que a empresa possui que soma 15 GW.
Araripe explica que a meta da Casa dos Ventos é de ficar com algo entre 2 a 3 GW em capacidade de geração. Ou seja ainda há mais de 10 GW que a empresa poderá continuar a aplicar seu modelo de desenvolver projetos e vendê-lo, depois de negociados em leilões ou não. “Ainda temos uma década de trabalho se pensarmos nesse pipeline de projetos”, comenta. “A nossa ideia é de reter de 2 a 3 GW em geração par atuarmos não somente como desenvolvedores, mas como geradores também”, acrescenta.
No foco da empresa, o grande volume ficará mesmo com parques negociados no mercado regulado em leilões da Aneel. Ele admite que a Casa dos Ventos estuda a possibilidade de investimentos em plantas no mercado livre para grandes consumidores e até para empresas classificadas como autoprodutores. Contudo, a maior fatia deve ser mesmo de plantas dedicadas para ao ACR.
A venda para a Actis começou a se desenvolver ainda no segundo semestre do ano passado com uma consulta da Casa dos Ventos que decidiu colocar os projetos operacionais que detinha em sua carteira para o mercado. A alienação serviria para a companhia conseguir esse fôlego financeiro para ser mais competitiva nos próximos certames. O pagamento contou com o recebimento dos valores à vista por parte da empresa brasileira no montante do equity do projeto e a britânica ficou com as dívidas do projeto.
Com a venda do Complexo Eólico Ventos de São Clemente (PE, 216 MW) e do Ventos de Tiangá (CE, 130 MW), a Casa dos Ventos ficou com apenas um complexo ainda em construção, o Ventos do Araripe III (PI, 358 MW) cujo foco da companhia será o de terminar a sua implantação. O diretor da geradora disse que ainda não se tem uma decisão se esse ativo também poderá fazer parte de uma futura venda ou se será já o início dessa retenção que a Casa dos Ventos quer implantar.
“De 2013 a 2014 vencemos 1,1 GW de contratos e entregamos todos eles no prazo e no custo ao mercado. Com os recursos obtidos com as vendas para a Cubico e Actis podemos restabelecer esse volume grande de ativos contratados. A nossa ideia é de passar a reter parte desses ativos em nossa carteira e gerar energia. Não sabemos ainda se ficaremos com o próximo que ganharmos, mas a meta é de ser não somente um grande desenvolvedor”, avisa.