Para que a geração distribuída tenha uma inserção ideal no Brasil, o planejamento deve ser a palavra-chave e o investimento em tecnologia de ponta não deve ser esquecido. Em debate realizado no primeiro dia do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico, na última quarta-feira, 17 de maio, no Rio de Janeiro, Ítalo Freitas, CEO da AES Tietê, ressaltou que o país tem boas perspectivas para o tema, mas que as oportunidades não devem ser perdidas, de modo que problemas não tenham que ser resolvidos posteriormente. “Brasil está bem embasado para a GD, caminho tem que ser planejado agora, se não vira colcha de retalhos. É só ter planejamento bem feito, com preço e colocar a tecnologia para funcionar”, explicou.

O planejamento correto do setor também vai ser uma necessidade do novo mercado de energia que se desenha. Para Mario Veiga, CEO da PSR, esse novo mercado será uma espécie de ‘terceira onda’ do setor e eventuais entraves regulatórios o farão perder a competitividade. “O novo mercado vai pedir mais planejamento, para tornar o mercado mais eficiente”, avisa. Veiga acredita que a institucionalidade será a senha para que o setor avance em mudanças. “Puxadinhos não resolvem. Tem que recuperar a transparência e a credibilidade”, alerta.

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, frisou que o prazo para a realização dessas mudanças do setor está cada vez mais curto.  Segundo ele, caso elas não sejam feitas no segundo semestre, ficam cada vez mais distantes. Com as eleições do ano que vem e com o próprio ministro Fernando Coelho Filho tendo que sair para tentar novo mandato, dificulta-se o processo. “A janela é curta. Temos o segundo semestre para enfrentar e destravar o diálogo. Manter o que está aí é caminhar para a instabilidade”, aponta.

O Grupo CPFL vê com bons olhos a expansão do mercado livre de modo que atinja mais consumidores. Para o CEO André Dorf, o empoderamento do consumidor é um movimento irreversível e ele quer o grupo participando. “O mercado livre é uma realidade e o avanço vai ser cada vez maior. Estamos com a ideia de querer participar das mudanças”, conta. Dorf disse ainda que a empresa vai avaliar participar dos leilões das usinas da Cemig, que deve ocorrer em setembro e das distribuidoras da Eletrobras, ainda sem data para realização.

Ainda segundo Dorf, o papel da distribuição vem se mostrando como o mais complexo, já que ela lida com temas que abordam o presente e o futuro. “Tem que olhar o curto e o médio prazo com os mesmos óculos”, observa.

O ano de 2023 pode trazer uma boa oportunidade para o setor. De acordo com o diretor-geral de Itaipu Binacional, Luiz Fernando Vianna, a revisão do contrato entre o Brasil e o Paraguai para o excedente da hidrelétrica em poder do país vizinho pode trazer uma chance de venda desse montante. A decisão será bilateral e a Empresa de Pesquisa Energética participa dos estudos. “Estamos iniciando a discussão agora”, revela.