A Abiape, associação que reúne grandes empresas autoprodutoras de energia, trabalha junto à ABEEólica no sentido de apresentar uma proposta às suas associadas para a retomada dos investimentos para seu consumo. A ideia é a de oferecer um pacote eólico onde os fabricantes concederiam vantagens para esse segmento como preços com desconto. A meta é reverter o momento de quase paralisia que afeta o setor.

Segundo o vice presidente da entidade, Cristiano Abijaode, de um plano para dez anos dos associados (2010 a 2020) cuja a meta de investimentos era o de aplicar R$ 21 bilhões para construir 6 GW em nova capacidade de geração, apenas cerca de 15% saíram do papel, ou 911 MW, e todo esse valor em decorrência da parcela dos autoprodutores na UHE Belo Monte (PA, 11.233 MW).

Segundo o executivo, que participou do painel Geração e Transmissão, no segundo dia do Enase 2017, a fonte hídrica sempre foi o objetivo dessas empresas por sua característica de ser a fonte que assegura energia firme. Mas, destacou, com o modelo instituído em 2004 houve o veto à participação dessas empresas nos certames, um fator que não foi revertido posteriormente.

“Não entramos mais com as térmicas a carvão porque não conseguimos obter licença ambiental, para as térmicas a gás natural o preço é mais caro do que o combustível que é viabilizado para os empreendimentos em leilão do mercado regulado, então isso inviabilizou qualquer projeto”, relatou ele. “Não vamos desistir de UHEs, há espaço para todas as fontes, mas o futuro deverá ser por meio de eólicas”, destacou ele.

Uma questão a ser resolvida nesse ponto é a energia firme. Segundo os estudos que estão em fase adiantada, segundo ele, a adoção dessa fonte poderia ser realidade uma vez que os associados da Abiape possuem um portfólio de usinas que atenuam o impacto da geração variável. Contudo, ainda não está claro como seria o arranjo societário que viabilize a construção desses parques. E ainda, obviamente, depende da disposição dos associados em investir em nova geração própria.

O segmento de autoprodução possui atualmente 7.400 MW em operação 753 MW em construção. Em 2010 eram responsáveis por 6,4% da capacidade instalada e hoje esse montante está em pouco mais de 5%.