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Uma das principais componentes na formação de preços no curto prazo, o CVaR (Conditional Value at Risk) começa a ser analisado para além do âmbito estritamente governamental. A utilização do atual mecanismo de aversão ao risco no processo de precificação do mercado de energia elétrica foi objeto de discussão durante workshop promovido pela Empresa de Pesquisa Energética na última terça-feira (23). O evento foi visto como mais um passo dentro da iniciativa, liderada pelo Ministério de Minas e Energia, de ampliar aos agentes o foro de debates em torno dos temas críticos que cercam o setor elétrico, como forma de chancelar medidas que eventualmente serão tomadas.

Com palestras de representantes de consultorias e da academia, o workshop integrou as ações da Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico, instituído há dez anos e até então restrita a representantes de órgãos ligados ao governo, como MME, EPE, ONS e CCEE. Com a abertura das discussões do Cpamp ao mercado através de três grupos de trabalho – de Metodologia, de Leilões e de Governança –, a ideia é levantar contribuições dos agentes no processo de aperfeiçoamento dos modelos de computação utilizados no setor, como o Newave (planejamento), o Decomp (despacho de curto prazo) e o Suishi (operação de sistemas).

“Nesse primeiro evento tivemos apresentações de pessoas que se dedicam a estudar os diversos mecanismos de aversão ao risco, e o que eles levaram aos participantes do workshop foram alternativas ao CVaR que existe hoje”, explica Angela Livino, assessora da Presidência da EPE e coordenadora do GT de Metodologia do Cpamp. Segundo ela, ainda não há um consenso em torno de mudanças do CVaR para outro tipo de componente metodológica, com base em outros parâmetros que os adotados atualmente. As possibilidades, porém, estão sendo testadas e observadas, principalmente em razão do custo sistêmico que há hoje nos programas de planejamento e operação.

O CVaR tem como conceito a priorização de parâmetros econômicos e financeiros em detrimento a parâmetros físicos do setor, evitando primordialmente cenários futuros onde o custo torna-se alto. A avaliação acaba pondo em segundo plano outras variáveis tão relevantes quanto esta, entre elas o armazenamento de água nos reservatórios de usinas hidrelétricas. Uma evolução esperada nessa metodologia é a adoção da SAR (Superfície de Aversão ao Risco), métrica que foca prioritariamente no volume dos reservatórios para calcular a projeção de déficit, ao invés de calibrar o risco por meio do custo. A adoção da SAR, que ainda passa por ajustes, deverá ocorrer apenas em 2019.

Um dos palestrantes do workshop, o professor Alexandre Street, do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, acredita que a incorporação da SAR nos modelos computacionais será um passo à frente na intenção de aperfeiçoar a metodologia de controle de riscos no setor elétrico. Ele ressalta que as discussões em torno do CVaR existente hoje devem se intensificar. A realização do fórum de debates na EPE, segundo ele, é uma mudança de paradigma altamente positiva e salutar nesse sentido, na medida em que permite a ampliação das contribuições técnicas por parte de diversos atores do setor, além da visão governamental.

“A EPE ganhou, pela primeira vez, a perspectiva da academia na sua atividade, criando assim uma agenda coletiva multidisciplinar. Trata-se de uma mudança radical de comportamento, muito mais transparente”, avalia Street, citando indiretamente a forte blindagem que havia nas discussões internas do Cpamp durante os governos Lula e Dilma, com pouca margem de manobra para debates com a sociedade. O workshop contou ainda com apresentações do consultor Mário Veiga, da PSR; do professor André Marcato, do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora; e de representante do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica.