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O presidente do Fórum de Associações do Setor Elétrico, Mário Menel, acredita que a instabilidade política que o Brasil vem passando deverá atrasar a solução para o impasse acerca da liquidação financeira do mercado de curto prazo que vem se arrastando desde o inicio de 2016 e acumula R$ 1,6 bilhão até o momento. O motivo é que deve haver uma mudança da lei, conforme apontou outras associações como a Única e a Cogen, e por esse motivo é necessária a avaliação do Congresso Nacional.

“Em minha opinião, a solução para o mercado livre tem que passar pelo Congresso Nacional, pois precisa modificar a lei. Agora, existem atenuantes, a Aneel vem regulando o aspecto da lei do ACR que é a geração fora da ordem de mérito e isso minimiza, reduz o problema do GSF mas não acaba com ele. A solução definitiva precisa do Congresso. Devemos ver um delay na solução, pois não há clima para convocar uma MP nesse momento”, afirmou o executivo em entrevista à Agência CanalEnergia.

Apesar dessa avaliação, Menel lembra que é necessário que se estabeleça uma solução para o tema de forma urgente. Isso porque quanto mais se adia o enfrentamento mais os valores vão se acumulando e a probabilidade de que tenhamos sucesso na negociação é reduzida. Ao mesmo tempo – e no sentido contrário – esse passivo vai aumentar e o mercado corre o risco de travar. Ainda mais com a perspectiva do déficit de geração hídrica que temos para esse ano na casa de 81%, mais elevado que o do ano de 2015, no pico da crise recente.

Devemos ver um delay na solução, pois não há clima para convocar uma MP nesse momento
Mário Menel, do Fase

Menel também esteve na reunião periódica de associações com a  Câmara de Comercialização de Energia Elétrica realizada na última terça-feira, 23 de maio. E ressaltou que as discussões acerca da proposta apresentaram ainda um outro aspecto positivo que é o de se ter uma solução para o MRE. Que o desenho apresentado pode trazer uma solução não somente para o passado – que refere-se aos valores em aberto – e para o futuro.

“Isso é importante porque daqui a um ano, ao persistir essa condição, estaremos discutindo essa mesma situação que vivemos atualmente”, ressaltou. Além disso, voltou a lembrar que as mudanças no MRE são necessárias em decorrência do novo perfil da matriz elétrica nacional, que já não é apenas hidrotérmica e que temos cada vez mais novas fontes aumentando sua participação na geração de energia e, assim, deslocando a fonte hídrica, o que traz mais riscos, de modo que a mudança precisa ser estrutural, não apenas pontual.

Ainda assim, Menel comentou que as resoluções que dependem apenas da agência reguladora e do MME podem ser tocadas sim, mesmo com a instabilidade e turbulência que devem ser momentâneas e fazem parte do jogo político. O cenário exige que se trabalhe no dia a dia do setor até que as coisas voltem à normalidade.