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O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) ficou muito sensível ao nível do armazenamento semanal com os novos parâmetros do CVaR e isso explica a queda de preço de 75% na média nos submercados Sudeste, Sul e Norte ao passar de R$ 471,16/MWh para R$ 118,77/MWh na primeira semana de junho. Contudo, essa “anomalia” de curto prazo deve ser considerada como uma janela de oportunidades pelos agentes que estão expostos no mercado de curto prazo e precisam comprar energia para fechar suas posições, uma vez que esse preço não deverá permanecer por muito tempo.
Segundo Pedro Machado, sócio-diretor da GV Energy, consultoria que atende grandes consumidores de energia, desde terça-feira da semana passada começou uma grande liquidação no mercado de energia, com os preços reduzindo em R$ 100/MWh tanto para energia convencional quanto incentivada para todo o ano de 2017.
“Este modelo está muito sensível, onde qualquer chuva realizada acaba gerando uma reversão de expectativas, inundando a sinalização de preço para baixo”, disse o especialista. “As modificações dentro do CVaR de pegar as médias mais agressivas históricas para amortizar os grandes solavancos de expectativas, em seus testes de estresse positivo, não reagiram bem.”
Machado disse que essa queda de preço está sendo tratada pela consultoria como uma “janela de oportunidade” para quem está exposto e precisa fechar posição no mercado. “Quem está ganhando de alguma forma são aquelas geradoras que estavam expostas ao GSF”, completou.
Para Edvaldo Santana, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e Consumidores Livres (Abrace), é provável que exista algum problema na implementação dos parâmetros de aversão ao risco. “O PLD ficou muito sensível ao nível de armazenamento da semana, o que é razoável para sinalizar com rapidez a escassez. Porém, quando os estoques indicam situações críticas, jamais uma melhoria quase insignificante pode resultar em mudanças desproporcionais nos custos marginais”, publicou em sua rede social.
A diretora de Regulação da Matrix Energy Trading, Josiani Napolitano, disse que o mercado foi pego de surpresa com essa queda tão significativa do preço do PLD. “A gente estava enxergando uma chuva nesses dias, mas não com o volume que foi”, contou. Como o modelo não estava esperando tanta chuva (porque estamos no período seco), ele acabou replicando isso para o futuro. A executiva explicou que, embora a chuva tenha sido muito forte, isso foi concentrado apenas nas bacias do rio Tietê e Paranapanema.
“Acho que esse tipo de anomalia positiva não deveria influenciar para frente, porque a gente sabe que isso aconteceu de forma isolada e que provavelmente não vai se repetir”, disse Napolitano. “Temos que reavaliar o quanto antes esse modelo de preço, porque realmente não faz sentido”, completou.
Para Machado, da GV, o momento político não permite uma mudança do modelo de formação de preço no curto prazo. Além disso, a redução do PLD interessa a grande parte do mercado, na medida em que a bandeira tarifária deixa de impactar no mercado cativo e contribui para desacelerar o rombo do mercado de curto prazo com o GSF.