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Uma alternativa que poderia facilitar a obtenção de financiamentos para empresas do setor elétrico seria ter um componente atrelado ao dólar na composição das tarifas. De acordo com Fernanda Custodio, Gerente Regional Sênior da Exportation Development Canada, isso traria a possibilidade de captação de recursos nos mercados internacionais. A EDC é uma agência oficial de crédito canadense com características similares às do BNDES. “Ela [a empresa] vai ter acesso a um número maior de financiadores, isso contribuiria de forma positiva para o mercado. Com a moeda local nem sempre se consegue montar uma estratégia competitiva”, explica ela, que participou de evento sobe Utilities promovido pela CGI nesta quinta-feira, 1° de junho, no Rio de Janeiro (RJ).
Ela sugere que pode existir espaço na composição da tarifa para algo que esteja atrelado à moeda estrangeira. Uma receita dolarizada daria mais conforto na busca por recurso em dólar, o que já é feito em alguns países da América do Sul. Fernanda dá como exemplo um modelo em que um percentual da tarifa seja baseado no dólar e o restante em reais. No caso de uma linha de transmissão, a Receita Anual Permitida poderia ser calculada na moeda americana. “Vai fazer com que os investidores tenham acesso a um mercado mais diversificado de financiamento de longo prazo”, avisa a executiva. A dolarização já é usada em alguns contratos no ambiente de contratação livre.
Ainda segundo ela, há instrumentos para reduzir a variação cambial, que é vista como entrave. A cultura de captação de financiamento via BNDES ainda é muito forte no país. Segundo a executiva do EDC, a instituição canadense participou de discussões promovidas pelo governo brasileiro para a atração de investimentos internacionais e mudar a dinâmica de financiamento. Daí veio a conclusão que tudo que era feito aqui era direcionado ao mercado local, com padrões brasileiros, inclusive o financiamento. “Se quer atrair players internacionais, tem que ter padrões internacionais”, frisa ela. Hoje os editais e estudos são feitos também em inglês, o que não era feito antes.
O Brasil é o terceiro país em volume de negócios da EDC e se os Estados Unidos fossem retirados da lista, ele seria o segundo colocado. Presente no Brasil desde a década de 60, nos anos 70 financiou a compra de geradores da GE para usinas que eram fabricados no Canadá. Recentemente, a Energisa conseguiu financiamento para investimentos em redes inteligentes. Fernanda Custodio ressalta que no momento há um interesse muito grande de empresas canadenses no Brasil e que caso houvesse essa correlação com o dólar, a participação poderia ser maior. Uma que vem se destacando nos últimos anos é a Brookfield, que acaba de concluir negociação com a Renova Energia para compra de participação acionária na TerraForm e já comprou um gasoduto da Petrobras. “Também há empresas de pequeno e médio porte se instalando aqui”, aponta.
A elegibilidade para o financiamento é dada para empresas brasileiras que comprem produtos ou serviços de empresas canadenses ou para empresas do Canadá que invista fora do país. “Nosso foco é apoiar o comércio e o investimento internacional canadense”, comenta.