Com a chegada de um volume de água equivalente a 22% da Média de Longo Termo em maio, a Energia Armazenada nos reservatórios do Nordeste vai cair de 19,5% no mês passado para 17,3% neste mês. A avaliação do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, no entanto, é de que as chuvas abundantes da região Sul contribuíram para a melhoria das condições de atendimento do Sistema Interligado em junho.
O CMSE aponta risco zero de déficit de energia em 2017 para os subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Nordeste, considerando tanto as séries do histórico de vazões quanto simulações do programa Newave, com base em séries sintéticas. No Sudeste/Centro-Oeste, onde as afluências ficaram dentro da média histórica no mês anterior, a energia armazenada nos reservatórios teve leve oscilação de 43,3% para 43,6%; enquanto no Sul, onde elas atingiram 168% da MLT, os valores passaram de 71,7% para 96,3%, de acordo com o Programa Mensal de Operação de junho.
Em nota divulgada após o término da reunião mensal desta quarta-feira, 7 de junho, o comitê informa que desde meados de maio foram feitas reduções nas defluências mínimas dos reservatórios das hidrelétricas de Sobradinho e de Xingó, para “proporcionar maior segurança hídrica” à bacia do rio São Francisco. As autorizações para a diminuição do volume de água liberado pelos reservatórios foram dadas pela Agência Nacional de Águas e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
A operação em teste com defluência de 650 m³/s foi iniciada a partir de 18 de maio em Sobradinho e a partir do dia 23 de maio em Xingó. Desde 29 de maio, as duas usinas passaram a operar com 600 m³/s. De acordo com a CMSE, o Operador Nacional do Sistema Elétrico vai continuar acompanhando a evolução das condições da bacia e do armazenamento dos reservatórios de Três Marias e Sobradinho para identificar a eventual necessidade de adoção de medidas adicionais.
Volume Morto
Em abril desse ano, o governo e o ONS anunciaram que o reservatório de Sobradinho atingiria o volume morto durante o período seco, em uma situação é inédita na história da hidrelétrica. Na ocasião, o diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, defendeu a redução da vazão da usina de 700 m³/s para 600 m³/s a partir de maio, para retardar o esgotamento do reservatório e limitar o uso da água abaixo do chamado volume útil a 4% do total disponível.
A ideia era de que o volume morto fosse alcançado apenas no final de outubro, o que exigiria a redução imediata da vazão em maio, informou Barata em audiência pública sobre a crise hídrica na Comissão Mista de Mudanças Climáticas do Senado. Se a redução fosse feita em junho, o volume útil acabaria no fim de setembro, e, no inicio das chuvas em novembro, já teriam sido utilizados 9,7% do volume morto.