A Fitch Ratings manteve, na última sexta-feira, 9 de junho, em observação negativa os Ratings Nacionais de Longo Prazo das primeiras e segunda séries da primeira emissão de debêntures da Renova Eólica Participações S.A. A primeira emissão de debêntures, no montante de R$ 146 milhões, em duas séries, tem vencimento em dezembro de 2025. A 1ª e 2ª séries de debêntures têm pagamentos semestrais de principal e juros, já iniciados em junho de 2016 e dezembro de 2015, respectivamente.
A manutenção dos ratings em Observação Negativa reflete a geração operacional de caixa da Renova Eólica em linha com o esperado pela Fitch, desconsiderando a restrição de escoamento na geração líquida. De acordo com os cenários da Fitch, os Índices de Cobertura do Serviço da Dívida da companhia serão apertados até 2020. Para este ano, espera-se uma compensação quadrienal pesada e DSCR de 0,73 vez, suportado pelas contas reservas disponíveis no projeto.
A Observação Negativa reflete, ainda, o potencial para novos rebaixamentos caso o projeto não consiga apresentar liquidez adicional na conta reserva especial de R$ 60 milhões, e compensar as perdas não esperadas de geração devido aos problemas de restrição de capacidade da conexão, que levaria a compensações anuais e quadrienais maiores do que a esperadas pela Fitch.
O projeto vem apresentando perfil de custos e despesas acima do esperado pela Fitch, em função de despesas recorrentes e não recorrentes não contempladas nos cenários analisados. Isto traz maior incerteza sobre a geração operacional de caixa do projeto. Dentre os principais custos, o projeto se beneficia de um contrato de Operação e Manutenção (O&M) de dez anos com a General Electric do Brasil – Equipamentos e Serviços de Energia Ltda. (GE Brasil), fornecedora das turbinas de geração. O contrato prevê um custo fixo por aerogerador, que é crescente ao longo da vida do contrato, e disponibilidade mínima e curva de potência garantida de 97,0%.
Do ponto de vista de geração de energia, os parques do LEN 2011 ainda continuam apresentando problema de restrição de capacidade do ponto de conexão atual do projeto, subestação Igaporã II, que não permite o total escoamento da energia produzida. Essa restrição vem afetando não só os parques da Renova Eólica, mas também outros parques eólicos na região, e seu efeito deve ser provisório, e solucionado no momento da conclusão da subestação Igaporã III. Considerando o período de 12 meses encerrado em abril de 2017, em base consolidada, os parques geraram energia em volume equivalente a 88% do volume certificado a P-90. Ao expurgar do cálculo as perdas decorrentes de restrição na linha de transmissão, o volume gerado equivale ao volume certificado a P-90.
Em 2016, o projeto gerou R$ 232,2 milhões de receita líquida, e apresentou EBITDA ajustado de R$ 122,4 milhões, e DSCR de 1,23 vez. Com base em dezembro de 2016, o projeto apresentou saldo de caixa total de BRL76,9 milhões, e dívida líquida de R$ 1,7 bilhão, com relação Dívida Líquida / EBITDA de 8,7 vezes no período acumulado de 12 meses.
A análise da Fitch considera apenas o perfil em base isolada do projeto, sem nenhum benefício da fiança constituída pela Renova na primeira emissão. A fiança é liberada com o cumprimento do completion financeiro do projeto, e os cenários da Fitch não apresentam necessidade de suporte até que este completion seja atingido.