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Apesar de fazer parte da pauta de temas-chave do setor elétrico já há algum tempo, a permanente e muitas vezes extrema volatilidade observada no Preço de Liquidação das Diferenças ainda intriga especialistas da área energética. Alguns deles, ouvidos pela reportagem da Agência CanalEnergia, apontam fatores como a metodologia de cálculo utilizada no programa computacional Newave e a modelagem de operação do sistema entre as causas principais para a inconstância e as variações observadas semanalmente, a cada divulgação do PLD feita pela CCEE.

Na avaliação do presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello, a gangorra no preço de curto prazo parte de uma sinalização errada na própria modelagem do sistema, especialmente durante a passagem do chamado período chuvoso (até abril) para o período seco, quando os reservatórios deveriam estar mais cheios. Há três anos, porém, a realidade é de níveis de água abaixo da média histórica, fato que acaba não sendo interpretado da melhor forma através da Função Custo Futuro, preparado pelo programa Newave e usado em outro programa, o Decomp.

“Esse procedimento tem que ser revisado. O foco do problema está na tendência hidrológica, que é o uso da hidrologia recente sem considerar as condições reais dos reservatórios”, explica Mello, lembrando que os altos índices pluviométricos registrados no mês de maio, em boa parte da região Sul e na bacia do Paranapanema, foi o grande motivador para o preço ter despencado desde o final do mês passado, chegando à casa dos R$ 93 no início de junho. A expectativa da Thymos é que o PLD volte a subir a partir de julho, permanecendo em patamares elevados até novembro.

Outro aspecto levantado pelo consultor, como reflexo do problema de modelagem, está na permanência do despacho de usinas térmicas pelo Operador Nacional do Sistema na região Nordeste mesmo com o aumento das chuvas recentes. Isto porque a melhora no nível dos reservatórios foi praticamente nenhuma. “Metodologicamente o modelo deveria incorporar o comportamento dos reservatórios, não apenas das chuvas. O que se vê na prática, porém, é o fator chuva ter muito mais peso na formação do preço. Enquanto isso não for corrigido, a volatilidade vai persistir”, diz ele.

Professor do Departamento de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, Alexandre Street também enxerga na limitação da metodologia existente hoje a razão para as subidas e descidas no PLD, especificamente pelo modo como o modelo de previsão de vazões é utilizado dentro do Newave. Ao incorporar a tendência hidrológica como um elemento do processo de formação de preços, o programa acaba adiantando expectativas de afluência e incorporando perspectivas de vazão na memória de cálculo, resultando numa espécie de antecipação de benefícios para o sistema através do PLD.

“A questão de fundo é: queremos sinalizar no preço a realidade da afluência do sistema ou expectativa dela? Da maneira como é hoje, a metodologia considera tanto a entrada real de água quanto a expectativa de entrada no futuro”, ressalta Street, revelando que os comandos das principais instituições do setor, como EPE e ONS, estão atentas às necessidades de ajuste na metodologia envolvendo a formação do preço de curto prazo. Ele pontua, no entanto, que qualquer solução a ser adotada vai exigir mudanças regulatórias não triviais, em especial no programa Newave.