O fator que mais impacta o modelo de formação de preços de energia é o volume da Energia Natural Afluente e não o nível de reservatórios. Um estudo feito pela Comerc apontou que ao se aplicar um volume de 5 mil MW médios adicionais de ENA no Newave sobre os valores do CMO projetados pela empresa para julho, que eram de R$ 189/MWh, esse valor recuaria para R$ 161/MWh. Por sua vez, a simulação feita pela comercializadora apontou que esse mesmo volume de 5 mil MW médios adicionados ao nível de armazenamento dos reservatórios reduziria o preço apenas em R$ 9/MWh nessa comparação. Esse resultado indica que uma redução das vazões podem fazer com que o custo marginal de operação volte a alcançar patamares mais elevados em pouco tempo.
Segundo a Gerente de Pesquisa e Estudos de Mercado da Comerc Energia, Juliana Chade, esses números obtidos demonstram que a ENA impacta de forma mais significativa no Newave do que a elevação do nível de armazenamento. Esse é um dos motivos que a faz acreditar que a queda recente de preços é passageira e deverá reverter em breve, ainda mais pelo que mostra a tendência hidrológica prevista.
A expectativa com base nas previsões meteorológicas é de que este ano, pelo menos, tenhamos um cenário de neutralidade em relação aos fenômenos climáticos El Niño ou La Niña, que apresentam uma cerca correlação com o nível de chuvas no Sul e no Nordeste, respectivamente.
Esse cenário deve-se ao fato de que a temperatura das águas do Pacífico na altura do Equador estão no intervalo entre o,5 graus positivos e 0,5 graus negativos. “Esse prognóstico fica até o final do ano”, disse a executiva em workshop promovido pela Única e Cogen em São Paulo. “A tendência é de que as massas de ar frio entrem no sul causando chuva e em função dessa neutralidade o resto do país mais seco durante o inverno. A partir da primavera, o Sul deve ficar mais seco e os demais submercados apresentando chuvas levemente acima da média, permanecendo este cenário até o verão”, acrescentou.
Ainda segundo a simulação feita pela Comerc, a ENA de julho deverá ainda se manter acima da MLT no Sudeste com 102% da média histórica e no Sul com 155%. Já no Norte a estimativa é de chegar a 60% e no Nordeste a 31% dessa média. A maior probabilidade em termos de valores do CMO para o ano deverá ficar no intervalo de R$ 200 a R$ 250/MWh. Das 2 mil séries, em julho 1.204 estavam nesse intervalo e em Agosto esse número aumentou para 1.420 séries.
“Essa questão de preços baixos desse mês pode não ser verdade daqui para frente. Hoje a maior influência nos valores que vimos na virada de maio para junho veio das afluências maiores no sul e parcialmente no Sudeste. Ficaram em 29 GW médios acima da média e fez com que o preço reduzisse em junho, mas os reservatórios não se recuperaram estão em cerca de 43%, um sinal de alarme. Isso não é algo sustentável, pode ser momentâneo”, sustentou.
Segundo ela, o modelo Newave tem muitas falhas e precisa ser reestudado e revisto por meio de uma análise aprofundada. A meta deve ser evitar a volatilidades de preços do PLD que tem sido um assunto recorrente quando variações como a vista de maio para junho ocorrem.
(Nota da Redação: Matéria alterada para retificação de informações às 11:30 horas do dia 28 de junho de 2017)