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A região oeste do estado do Pará tem sofrido com constante interrupções de energia elétrica, prejudicando moradores, comerciantes e industriais. O problema é estrutural e grave, tanto que chegou ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). O sistema já não consegue atender ao crescimento da demanda, reflexo da chegada de grandes empreendimentos das áreas de infraestrutura, mineral e logística. Ironicamente, é no Pará que reside da maior hidrelétrica 100% brasileira: Belo Monte, com 11.233 MW de capacidade instalada, atrás apenas da binacional Itaipu (PR-14.000 MW).
Segundo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Eduardo Barata, o problema não é exatamente na distribuição, mas sim no próprio abastecimento da região. O executivo contou que há problemas tanto de oscilações de carga quanto de interrupção do fornecimento.
A solução estrutural para o problema ocorrerá apenas em agosto de 2022, quando a Equatorial Energia concluir uma obra de transmissão licitada no ano passado. Até lá, o CMSE autorizou a contratação de 176,5 MW de geração térmica, necessidade constatada após estudo realizado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo ONS.
Os resultados apontaram a necessidade de instalação de geração térmica na região do Tramo Oeste no montante total de 4,5 MW para atendimento ao ano 2018, 21 MW para o ano 2019, 44 MW para o ano 2020, 48 MW para o ano 2021 e 59 MW para o ano 2022.
“Será preciso colocar mais geração térmica por causa do crescimento da demanda. Esse crescimento poderá ser superior a capacidade de entrega com as instalações de transmissão que temos hoje”, disse Barata.
Segundo José Conrado Santos, presidente da Federação das Indústrias do Pará (FIEPA), o estado tem atraído muitos investimentos. A previsão é de que até 2020 alcance cerca de R$ 200 bilhões, de acordo com o estudo da FIEPA. Ainda de acordo com esse estudo, a chamada região tapajônica, onde se localizam alguns municípios do Oeste, deve receber cerca de 42% desses investimentos.
“Os investimentos que existem na região estão trabalhando no limite da capacidade de fornecimento de energia. O grande receio é que os investimentos que ainda estão previstos para lá aconteçam de forma mais acelerada e, sendo assim, com certeza vai entrar no fornecimento de energia a diesel. A licença ambiental do novo linhão, que está em fase de estudos, é o que vai resolver definitivamente a questão”, disse Santos.
O CMSE, comitê que reúne as maiores autoridades do setor elétrico, determinou que o ONS e a EPE aprofundem as análises em relação aos prazos necessários para instalação dessa geração térmica, assim como deverão analisar novamente a previsão de carga para os próximos anos no Pará, considerando a evolução da carga verificada em 2017. Na reunião do CMSE prevista para o dia 3 de agosto, ficou acordado que EPE e ONS deverão indicar um cronograma para a contratação da geração térmica para o atendimento da região oeste do Pará.
O CMSE determinou também que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a secretária de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia se reúnam com a Equatorial com o objetivo de estabelecer conversas para antecipar a entrada em operação dos empreendimentos presentes no lote 31 do leilão de transmissão nº 05/2016. O referido lote é composto por 436 quilômetros de linhas, divididos em três linhas de 230 kV, uma subestação e dois compensadores síncronos. Estima-se que a obra esteja orçada em R$ 670 milhões.