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Apesar de indefinida no Brasil, onde ainda não há uma política para o seu desenvolvimento no médio e no longo prazo, a energia nuclear apresenta um momento de pujança em diversas partes do mundo, mostrando uma curva de retomada justamente em mercados que já haviam praticamente descartado a fonte. Esse cenário, promissor para a produção de energia atômica, foi apresentado por autoridades de diversos países que participaram do XXVIII Congresso Anual da Sociedade Nuclear Mexicana, evento realizado entre os dias 18 e 21 de junho na Cidade do México.

Uma das conferencistas do evento, a presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, Olga Simbalista, afirma que o desenvolvimento nuclear no campo energético ficou mais patente nas exposições feitas por autoridades de países asiáticos, em especial chinesas, indianas e sul coreanas. No caso da China, estão em construção atualmente cerca de 40 reatores nucleares, que agregarão aproximadamente 40 mil MW. A expansão é uma tentativa de substituir a matriz a carvão no país, com plantas próximas aos centros urbanos e causadora de índices elevados de poluição.

Também apresentaram investimentos pesados e novos negócios durante a conferência internacional – que contou com a presença de autoridades da área nuclear de todo o mundo – representantes da Rússia, cujo mercado está fortemente amparado na venda de reatores com o fornecimento de serviços associados para diversos países, entre os quais a Turquia. O modelo russo se apoia na negociação financiada dos reatores e de outros equipamentos fabricados no país, remunerando-se nos contratos de compra e venda da energia elétrica gerada pelas usinas construídas.

“Os programas nucleares na Ásia e na Rússia não só continuam como estão crescendo a pleno vapor, diferentemente do Ocidente, onde apenas a Inglaterra continua apresentando um programa nuclear forte e com perspectivas de expansão expressiva. Nos Estados Unidos, os investimentos são pontuais”, relata Simbalista. Ela destaca ainda o movimento de abertura do mercado mexicano, onde o governo federal deverá apresentar em breve ao Congresso local um projeto de lei propondo a abertura ao capital de origem privada das atividades voltadas à exploração do combustível.

A alternativa de expandir a geração nuclear com investimentos além do Estado é, na visão da especialista, um caminho inevitável também para o Brasil, especialmente no que tange à conclusão do projeto da usina nuclear de Angra 3 (RJ – 1.405 MW). Envolta em sucessivas polêmicas desde a década de 1980, quando começou a ganhar corpo, e agora alvo direto do esquema de corrupção em uma das linhas de investigação da Operação Lava Jato, o empreendimento deverá ser tocado prioritariamente por construtoras internacionais, o que para Olga é uma dificuldade no curto prazo.

A garantia do interesse nos contratos de construção civil e de montagem pelos investidores internacionais está, de acordo com a presidente da Aben, associada diretamente ao modelo de viabilidade que o governo federal apresentará para o projeto, cujos custos, de tão altos, já saíram de quaisquer parâmetros de mercado. “Angra 3 terá de ser feita de uma forma diferente, por um grupo estrangeiro, e isso impactará na tarifa. A própria caracterização da tarifação como reserva, sendo ela uma energia de base, já é uma excrecência. Há muitas questões em aberto”, avalia a executiva.