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O governo do presidente Donald Trump elevou o grau de incerteza e de apreensão para investidores e entidades ligadas à geração solar fotovoltaica e a outras fontes renováveis nos Estados Unidos. A decisão do mandatário de formalizar a saída do país do Acordo de Paris representou, na visão de especialistas norte-americanos no setor de energia limpa, uma guinada em políticas governamentais de incentivo a alternativas verdes para a produção de eletricidade, adotadas em nível federal desde o final da década passada. O quadro foi apresentado no Brazil Solar Power 2017, realizado nesta quarta-feira (5) no Rio.

Na visão da presidente da Solar Energy Industries Association, Abigail Hopper, as empresas e as organizações, além de outros segmentos da sociedade, ainda estão tentando entender as reais intensões do governo Trump para o mercado de energia renovável, especialmente os pontos de pressão junto ao Congresso e aos atores externos que podem levar a novas medidas de impacto negativo para o setor. “Não há como negar que os tempos atuais são nebulosos e incertos, especialmente após a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris”, ressaltou a executiva, em participação no evento através de exposição em vídeo.

Em contraposição à saída unilateral do acordo internacional do clima, ela explica que muitos estados norte-americanos têm manifestado, de forma independente, apoio às metas de redução de emissões de gases poluentes e de interrupção do aquecimento global, além de promoverem incentivos às fontes renováveis naturais de energia. “A saída dos EUA do Acordo de Paris não é representativa por parte de todo o país. O crescimento da energia solar vai continuar, apesar da medida federal”, ressaltou Abigail, que destacou em números a forte expansão da presença solar na matriz de geração elétrica norte-americana.

Dados da associação mostram que os investimentos em solar nos EUA ao longo de 2016 atingiram US$ 3 bilhões, permitindo à fonte chegar aos 2% de presença na geração de eletricidade nacional. O crescimento foi amparado em pilares como estabilidade nas políticas públicas e incentivo à inovação, fatores que levaram à queda contínua dos preços. Outro aspecto que incentivou novos projetos na área foi a adoção de benefício fiscal concedido pelo Congresso no final de 2015, permitindo a investidores obterem créditos tributários nos recursos aplicados em projetos de geração centralizada e distribuída.

Além da injeção de recursos na economia, a energia solar nos Estados Unidos propiciou ainda um bom aumento na geração de empregos, representando um em cada 50 novos postos de trabalho criados entre os anos de 2015 e 2016. Estado que concentra os maiores investimentos, a Califórnia apresenta atualmente 75,6 mil empregos gerados na área de energia solar. Membro do conselho da California Independent System Operator, Angelina Galiteva participou do painel internacional no Brazil Solar Power e detalhou as diversas ações de incentivo a fontes renováveis implementadas pelo governo estadual.

Segundo a executiva, a perspectiva é que, até o ano de 2045, 100% da matriz elétrica da Califórnia seja composta apenas por fontes renováveis, sem contar a geração distribuída em residências e no comércio. A meta, ambiciosa, é suportada em boa parte pelos resultados alcançados pelas políticas públicas por lá implementadas nos últimos anos e pela projeção de queda nos custos dos equipamentos, que deverão cair para menos de US$ 1 por watt em instalações solares até 2025. Cerca de 65% de todos os investimentos aplicados no setor de energia nos EUA foram alocados em fontes renováveis.