O mercado financeiro reagiu bem nesta quinta-feira, 6 de julho, as mudanças anunciadas pelo governo para o setor elétrico, assim como previa o banco Credit Suisse em relatório divulgado aos seus clientes ontem. “Nossa principal impressão é que a proposta será bem recebida pelo mercado, na medida em que visa lidar com algumas questões estruturais e delicadas que perturbam o setor e indicam alguns benefícios financeiros relevantes para a Eletrobras.”

De fato, o Índice de Energia Elétrica (IEEX) da B3 (antiga Bovespa) fechou o dia com alta de 1,10%, enquanto o Ibovespa amargou queda de 1,08%, a 62.470 pontos. Na lista dos cinco papéis que registraram maior valorização no dia, estão as elétricas estatais Eletrobras, Copel e Cemig.

O papel ordinário da Eletrobras (ELET3) terminou o dia com valorização de 16,14%, cotado a R$ 15,83, enquanto a ação preferencial classe B (ELET6) teve alta de 10,45%, a R$ 19,13. A ação preferencial classe B da Copel (CPLE6) apresentou alta de 3,34%, a R$ 25,39. A ação preferencial da Cemig (CMIG4) valorizou-se 2,76%, cotada a R$ 8,55.

“As propostas favoreceram muito as ações da Eletrobras, que desde o começo do ano estavam se desvalorizando”, disse Alexandre Montes, da Lopes Filho Consultores de Investimentos.

Segundo o analista, até ontem as ações da Eletrobras acumulavam alta de 10,51% em julho, o que mostra que o mercado financeiro já estava reagindo positivamente as notícias antecipadas pela imprensa. Com os ganhos de hoje, a ação da Eletrobras acumulou valorização de 26,64% em julho.

Uma das medidas anunciadas pelo governo permitirá que a Eletrobras venda uma série de hidrelétricas cuja receita hoje cobre apenas os custos de operação e manutenção dos ativos. A expectativa de venda desses ativos pode gerar um ganho de caixa para empresa, que atualmente está alavancada em razão do grande volume de projetos em desenvolvimento.

“A Medida Provisória 579 de 2012 tirou R$ 10 bilhões do faturamento anual da companhia. Caso essa proposta de descotização venha vingar, praticamente devolver esse valor.” Para Lopes, a tendência é de alta para os papéis das elétricas.

O analista da Planner Corretora, Victor Martins, entende o mercado financeiro reagiu positivamente as propostas do governo para o setor elétrico. “Para quem não se desfez dos ativos, como que é o caso da Eletrobras, abre uma janela de oportunidade bastante interessante, principalmente em relação aos preços dos ativos. Vai gerar valor e esse valor vai ser distribuído.”

Martins concorda que a tendência é de valorização dos papéis das elétricas após esse anúncio do Ministério de Minas e Energia, porém ele lembra que o cenário político ainda está instável e que uma piora na conjuntura política pode impactar negativamente o comportamento do mercado financeiro.