A Eletronuclear acredita que nos próximos meses saia uma solução que permita a retomada do canteiro de obras da usina de Angra 3 (RJ – 1.405 MW). De acordo com o presidente da empresa, Bruno Barretto, o empenho do presidente do Grupo Eletrobras, Wilson Ferreira Junior e da cúpula do Ministério de Minas e Energia vem colaborando para um desfecho exitoso para o projeto, paralisado há mais de um ano. A empresa trabalha com a usina operando em 2024. Há um processo em curso para a entrada de um sócio estrangeiro na usina, que viabilizaria a sua conclusão. Com mais de 60% das obras realizadas, a conclusão da usina se torna essencial, na visão do executivo. “Quem pode decidir está conversando. A Eletrobras trouxe para si o projeto, ele não está sendo visto como um ativo a parte”, afirmou Barretto, que participou da abertura do Seminário Internacional de Energia Nuclear, realizado nesta quarta-feira, 12 de julho, no Rio de Janeiro (RJ).
Entre as candidatas a sócia estão a russa Rosatom, a chinesa CNNC e a francesa EDF. Na visão do executivo, essas empresas são players mundialmente reconhecidos que demonstraram claro interesse em Angra 3. Barretto lembra que a conclusão da usina é importante não apenas pelo lado energético, uma vez que ela vai ser uma térmica na base de grande porte, mas também pelo aspecto econômico financeiro, já que foram contraídos empréstimos junto a bancos públicos que deverão ser pagos. “Qualquer adiamento nesse sentido é uma penalização enorme para o empreendimento, para a Eletronuclear e para a Eletrobras. Temos que encarar essa realidade”, observa.
Na consulta para o novo Plano Decenal de Expansão, a usina é prevista para 2026, o que contraria o executivo, que trabalha com 2024. o presidente da Eletronuclear debate com a Empresa de Pesquisa Energética o prazo. O modelo que vai permitir a entrada do parceiro faz com que Angra 3 seja separada da Eletronuclear e possibilite a formação de um ente como uma Sociedade de Propósito Específico. A Eletronuclear seria a majoritária e ficaria com a operação da usina. A estatal não abre mão da operação da usina. “Não é nenhum entreguismo, queremos concluir a usina mantendo a prerrogativa da operação exclusiva”, revela.
Barretto acredita que esse modelo de negócio para Angra 3 seria o ideal para os próximos projetos nucleares no Brasil. Com a Eletronuclear majoritária em Angra 3, não seria necessário nenhum tipo de alteração na lei. A própria Eletrobras possui várias SPEs e essa seria mais uma. O próximo projeto planejado seria a usina de Belém do São Francisco, no estado de Pernambuco. A usina ainda não tem prazo para ser implantada e não consta em nenhum cronograma oficial.