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O atraso na conclusão e na entrada em operação da usina de Angra 3 pode trazer mais um desafio para a área nuclear do país: o de reposição de material humano especializado. A Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, tem em curso programas de aposentadoria e desligamento incentivados, o que retira profissionais experientes de cena. De acordo com Celso Cunha, presidente da Associação Brasileira de Atividades Nucleares, embora o setor ainda atraia o interesse de estudantes, a falta de novos projetos em operação e a natureza restrita agravam o quadro. “É uma questão que o setor e as empresas precisam encarar. Isso terá um custo”, explica.
Outras empresas que lidam com a fonte, como as Indústrias Nucleares do Brasil e a Nuclebrás Equipamentos Pesados – Nuclep, tem natureza estatal, que determina a contratação apenas por concurso. Outro agente nuclear, a Comissão Nacional de Energia Nuclear, é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Para Cunha, quanto mais tempo demorar uma solução para a conclusão da usina, maior será o custo para a formação de mão de obra. “É um mercado muito seletivo, não tem concurso público no momento. Poucas pessoas saem da faculdade e conseguem se posicionar”, aponta. Angra 3 tinha previsão de início de operação em 2015 e a mais recente estimativa é que ela fique pronta em 2024. A Eletronuclear aguarda a definição sobre a entrada de um sócio estrangeiro, que traria o fôlego financeiro necessário ara a conclusão da usina.
A Abdan tem um projeto em parceria com a World Nuclear Association para incentivar a formação de novos profissionais. A associação também custeou a inscrição de 20 estudantes no seminário Internacional de Energia Nuclear, que teve início nesta quarta-feira, 12 de julho, no Rio de Janeiro (RJ). Na abertura do evento, o presidente da CNEN, Paulo Roberto Pertusi, também alertou sobre o desafio dos recursos humanos, ressaltando que a média de idade no setor nuclear é de 50 anos e que as aposentadorias estavam cada vez mais recorrentes. Para ele, a parte de licenciamento da usina de Angra pode acabar impactada.