A SPE responsável pela UHE São Manoel (MT, 700 MW) reduziu seu volume de contratos junto ao mercado regulado em cerca de um terço por meio do MCSD Energia Nova por todo o contrato de concessão da usina. A meta da companhia é aproveitar os preços mais elevados no mercado livre. A SPE havia vendido toda a capacidade de geração de 409 MW médios no mercado regulado à época do leilão e agora contará com uma divisão entre 70% no ACR e 30% no ACL, semelhante ao que ocorre com as usinas do Madeira.

De acordo com o presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, foram retirados 120 MW médios em São Manoel. Essa foi uma decisão estruturante da SPE que possibilita uma maior rentabilidade ante os preços no mercado regulado. Atualizados os valores do lance ofertado à época de R$ 78/MWh estariam em cerca de R$ 105/MWh. Assim, comentou o executivo, é possível obter melhores resultados. “Assim temos a segurança de ter os 70% no mercado cativo com o potencial de upside de retorno com a venda de 30% no mercado livre”, definiu ele.

A perspectiva é de que a usina, em construção no rio Teles Pires, possa ter a antecipação da operação. De acordo com a EDP, o estágio das obras alcançou 91,4% de progresso o que abrem margem para colocar a primeira turbina em operação no quarto trimestre deste ano ante um cronograma de implantação que indicava maio de 2018. “Isso está cada vez mais provável. Estamos trabalhando para que os nossos esforços nos levem à antecipação entre 6 e 9 meses”, revelou o executivo.

Essa medida de reduzir os contratos ocorreu ainda em outros ativos de geração da EDP, foram 20,9 MW médios descontratados na UHE Santo Antônio do Jari e outros 95 MW médios na UHE Cachoeira Caldeirão. Mas esses, frisou Setas, valem apenas para os contratos no ano de 2017 como um hedge da companhia para se proteger do GSF.

“Aumentamos nosso hedge de 9% da energia descontratada para 16% por conta de nossa visão de alta do GSF e do PLD no ano e queremos nos proteger. Isso ajuda a estabilizar nossa posição mesmo diante da perspectiva de aumento do déficit de geração”, acrescentou Setas.

Seguro – Na semana passada, houve uma ocupação de quatro dias nas obras da UHE São Manoel por índios da região por uma demanda que não tinha a ver com a usina. Setas disse que esse assunto já foi devidamente tratado e que as obras foram retomadas após esse período de parada.

A empresa ainda busca receber da seguradora contratada pelo EPCista trocado na obra UTC/Constran. Essa é a garantia de fiel cumprimento que tem um valor de R$ 400 milhões a R$ 450 milhões. As negociações estão sendo feitas entre a SPE e a seguradora. Esses valores referem-se a uma cláusula de risco de realização da obra. Segundo a EDP, esse é um processo longo que pode resultado no recebimento desse valor total ou parcial e que visa cobrir um eventual aumento de custos por conta da rescisão de contrato com a construtora substituída.