Com a chegada do inverno, o clima fica mais seco e as possibilidades das queimadas aumentam consideravelmente. É sob essa perspectiva que a Cemig alerta para as recorrentes ocorrências que podem provocar interrupções no fornecimento de energia elétrica, além de sérios prejuízos ambientais inerentes a essas ocorrências. De acordo com informações da empresa, ano passado foram 471 desligamentos em virtude de incêndios, que afetaram mais de 267 mil consumidores no estado. Somente no primeiro semestre deste ano, foram 92 interrupções que prejudicaram o fornecimento de energia para mais de 41 mil clientes da companhia, mais do que o dobro no mesmo período do ano passado.
Para se ter ideia de como as condições climáticas agravam e potencializam as chamas, um incêndio na Serra do Curral, importante área ambiental localizada na região centro-sul da capital mineira, em 23 de julho passado, assustou os moradores dos bairros Belvedere e Sion pela rapidez com que as chamas se alastraram e se aproximaram de casas e prédios da região. Assim como apontam as ocorrências da Cemig, nem sempre é possível controlar o fogo antes que atinja a rede elétrica e cause danos aos consumidores e ao próprio local.
De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), até o início de julho, aconteceram 880 focos de incêndios em Minas Gerais. Mas é a partir do segundo semestre que essa prática aumenta e causa ainda mais prejuízos à população, à fauna e à flora. No segundo semestre do ano passado, por exemplo, a Cemig registrou 385 ocorrências de incêndios que atingiram a rede elétrica, causando o desligamento de energia para aproximadamente 252 mil consumidores, ou 94% dos consumidores afetados em todo o ano passado.
Ao atingir redes de distribuição, os incêndios podem provocar a queima de postes e cruzetas de madeira e, consequentemente, o rompimento dessas estruturas e de cabos condutores. O engenheiro eletricista Rodrigo Damasceno, do Centro de Operação da Distribuição da Cemig, destaca que, nesses casos, é necessário substituir os materiais, atividade que exige um tempo maior para religar os circuitos atingidos. “Há também o risco de curtos-circuitos em linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica, causados pelo aquecimento do ar nas proximidades dos cabos condutores”, ressalta o engenheiro.
Outro fator que pode contribuir para aumentar a incidência de queimadas são os balões ao ar, que podem causar incêndios de grandes proporções, quando atingem o chão ou tocam a rede elétrica. A proximidade do balão das linhas de transmissão ou de distribuição de energia também provoca o aquecimento dos cabos, provocando curtos-circuitos, rompimentos e desligamentos de grandes trechos.
Para minimizar os danos causados costumeiramente nesse período, a Cemig realiza anualmente ações preventivas, investindo cerca de R$ 4 milhões em ações de limpeza de faixa, com a poda de árvores e vegetações, execução de aceiro ao pé das torres e aplicação de pintura antichamas nos postes de madeira em locais de risco.
Além dos riscos para o setor elétrico, as queimadas prejudicam a visibilidade nas estradas, reduzem a produtividade da terra nas áreas de cultivo, provocam aumento da poluição e afetam a qualidade do ar. Os incêndios causam também inúmeros problemas ambientais e colocam em risco a vida de diversas espécies da fauna nacional.