A agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu na última terça-feira, 15 de agosto, o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA+(bra)’ (AA mais (bra)) para Energisa Mato Grosso do Sul. A perspectiva é estável. Ao mesmo tempo, a agência atribuiu o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA+(bra)’ (AA mais (bra)) à proposta de emissão de debêntures quirografárias da companhia, com garantia fidejussória de sua controladora. A proposta de emissão, no valor de R$ 300 milhões, deverá ser realizada em duas séries, sendo a primeira com vencimento final em 2022 e a segunda, em 2024. Os recursos serão utilizados para reforço de capital de giro.

Os ratings da Energisa MS refletem o perfil de crédito consolidado do grupo, cuja expectativa de alavancagem líquida para os próximos quatro anos é de manutenção na faixa de 2,0 vezes a 3,0 vezes, apesar do fluxo de caixa livre (FCF) negativo. Positivamente, o grupo deve permanecer com forte posição de liquidez e alongado cronograma de vencimentos da dívida consolidada. A reabertura da oferta pública de ações (re-IPO), em 2016, somou R$ 1,5 bilhão e melhorou a estrutura de capital da empresa, reduzindo a pressão sobre a liquidez e os índices de alavancagem em um cenário macroeconômico ainda desafiador.

A diversificação dos ativos da Energisa, que conta com nove distribuidoras de energia, é positiva para seu perfil de negócios, pois dilui os riscos operacionais. Para a Fitch, o segmento de distribuição apresenta mais riscos do que os de transmissão e de geração. Além disso, a análise incorpora os moderados riscos regulatório e hidrológico do setor de energia brasileiro.

As subsidiárias adquiridas do grupo Rede, dentre as quais a Energisa MS, atuam em áreas com histórico de elevado aumento de consumo de energia e têm apresentado melhor desempenho operacional. Apesar da integração relativamente recente, resultados positivos já foram observados e se refletiram na geração de caixa operacional consolidada.

A Fitch projeta que, mantidos os atuais negócios e os dois projetos de transmissão recentemente adquiridos, o índice consolidado de alavancagem líquida da Energisa permanecerá na faixa de 2,0 vezes – 3,0 vezes até 2020. Se a carteira ganhar mais ativos ou projetos, a agência reverá suas projeções.

A crescente geração de fluxo de caixa, devido ao quarto ciclo de revisão de tarifas, que deve ser concluído até 2018, no caso das distribuidoras da Energisa, e a liquidez proporcionada pela re-IPO, realizada em 2016, devem ajudar a manter os indicadores de crédito adequados aos atuais ratings. Ao final de junho de 2017, a alavancagem financeira consolidada, medida pelo índice dívida total ajustada/EBITDA, foi de 3,9 vezes, com 2,7 vezes em bases líquidas, frente a 4,4 vezes e 2,9 vezes, respectivamente, em 2016.

O FCF consolidado do grupo deverá ficar negativo nos próximos anos, como resultado de elevados investimentos e da distribuição de dividendos. Os investimentos em transmissão, a melhora das operações das distribuidoras que pertenciam ao Grupo Rede e a manutenção dos programas originais das distribuidoras exigem investimentos significativos, o que continuará pressionando o FCF consolidado. Ainda assim, parte desta pressão poderá ser mitigada pelo EBITDA adicional proveniente das distribuidoras após a quarta revisão de tarifas, iniciada em 2016 e a ser concluída em 2018. A Fitch acredita que serão necessários investimentos de R$ 5,5 bilhões de 2017 a 2020.

A Fitch estima um aumento de 0,7% do consumo de energia nas áreas de concessão da Energisa em 2017, o que deverá aumentar a geração de caixa operacional. As elevadas tarifas e o desafiador ambiente macroeconômico levaram a uma redução de 1,6% dos níveis de consumo nesses locais em 2016. A deterioração do ambiente econômico também elevou as perdas de energia e os índices de inadimplência. Nos primeiros seis meses do ano, o consumo de energia nas áreas de concessão do grupo já demonstra recuperação, com aumento de 2,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.