A agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu na última terça-feira, 15 de agosto, o rebaixamento para ‘AA-(bra)’ (AA menos (bra)), de ‘AA+(bra)’ (AA mais (bra)) do Rating Nacional de Longo Prazo da Copel e de suas subsidiárias. A Perspectiva dos ratings é estável.
O rebaixamento dos ratings, antes em Perspectiva Negativa, reflete o declínio do perfil de crédito consolidado da Copel. A alavancagem financeira do grupo tem aumentado gradualmente, em consequência de um programa de investimentos mais intenso e da maior distribuição de dividendos. Pelas projeções da Fitch, a alavancagem líquida ajustada consolidada se posicionará acima de 3,5 vezes nos próximos três anos, com pico entre 4,5 vezes e 5,0 vezes em 2017. Além disso, o grupo apresentou significativa deterioração de seu perfil de liquidez — o caixa e as aplicações financeiras, atualmente baixos em relação à elevada dívida de curto prazo, são incompatíveis com os ratings anteriores. A distribuidora possui vencimentos de R$ 4,3 bilhões até o final de 2018, que correspondiam a 46% da dívida consolidada total ao final de junho de 2017.
Os ratings da Copel e de suas subsidiárias se apoiam na forte geração de fluxo de caixa operacional (CFFO) e na adequada flexibilidade financeira do grupo, que tem comprovado acesso ao mercado de capitais. A análise reflete, ainda, a atuação do grupo como empresa integrada de energia, com importantes ativos de geração, transmissão e distribuição.
Há que se considerar também o risco político, decorrente de seu controle acionário público. Este risco é evidenciado pelo histórico negativo de diferimentos parciais de reajustes tarifários da Copel Distribuição e, mais recentemente, pela elevação do pay-out na distribuição de dividendos referente ao exercício de 2016, contrariando a recomendação da diretoria da companhia.
Pelas projeções da agência, a devolução de R$ 463 milhões do saldo passivo da Conta da Variação da Parcela A (CVA) na Copel Distribuição, ao longo de 12 meses iniciados ao final de junho passado, e os maiores investimentos esperados para 2017, em especial na Copel GeT, pressionarão os índices de alavancagem do grupo durante o ano. No caso da holding, a relação dívida total/dividendos recebidos, de R$ 1,7 bilhão, era de 1,3 vez.
É estimado pela Fitch um fortalecimento na geração operacional de caixa da Copel Distribuição nos próximos anos, em decorrência da aplicação do quarto ciclo de revisão tarifária, vigente a partir de junho de 2016. A revisão elevou o EBITDA regulatório da companhia para R$ 1,0 bilhão, cerca de R$ 300 milhões a mais do que no último ano do ciclo anterior, embora a empresa deva continuar apresentando EBITDA efetivo inferior ao EBITDA regulatório.
Segundo a agência, o grupo Copel terá “como grande desafio melhorar o insatisfatório desempenho neste segmento”. A distribuidora precisa atingir níveis de eficiência operacional e de rentabilidade superiores aos apresentados nos últimos anos, a fim de se aproximar dos parâmetros regulatórios. Em 2016, a empresa reportou EBITDA de R$ 117 milhões, frente a R$ 308 milhões em 2015. No período de 12 meses encerrado em junho de 2017, o EBITDA da distribuidora atingiu R$ 520 milhões, já refletindo um ano completo desde a revisão tarifária. Mesmo apresentando significativa evolução frente aos resultados reportados recentemente, o EBITDA da companhia ainda se compara desfavoravelmente ao EBITDA regulatório.
A lenta recuperação da economia brasileira, sobretudo da atividade industrial, tem exigido um eficaz gerenciamento da possível sobra do volume de energia contratada e uma forte gestão de perdas e inadimplência. A Fitch espera que a Copel Distribuição administre seus contratos de compra de energia, para que todo este custo esteja incorporado à sua tarifa e não cause potenciais prejuízos à geração operacional de caixa da companhia nos próximos anos. Para 2017, a agência entende que esta questão está solucionada.