O governo quer repetir na Eletrobras um modelo de privatização usado no passado, por avaliar que ele foi bem sucedido. “Já tivemos exemplos da Vale e da Embraer que se tornaram  empresas classe mundial”, afirmou o ministro Fernando Coelho Filho em entrevista coletiva nesta terça-feira, 22 de agosto. As expectativa é de que as regras sejam definidas este ano, e o prazo para conclusão do processo de venda é no primeiro semestre do ano que vem.

A ideia é de que a União se torne minoritária na estatal, mas mantenha poder de veto por meio de uma golden share, como foi feito no caso da Vale. O secretário-executivo do MME, Paulo Pedrosa, justificou a decisão do governo de abrir mão do controle da companhia afirmando que a privatização da estatal vai criar no país um ambiente propício aos investimentos. Para Pedrosa, enquanto a União for controladora, a Eletrobras terá uma série de amarras de empresa estatal; por isso a ideia de reduzir a participação.

O secretário argumentou que a proposta segue na linha das discussões da consulta pública sobre as mudanças no modelo do setor elétrico brasileiro. “Quando discutimos a questão, por exemplo, das cotas de energia no mercado regulado, tratamos da questão da eficiência. O modelo de cotas não é um modelo que induzia a modicidade tarifária. É uma modelo que induzia uma informação equivocada ao mercado. O movimento que estamos fazendo fortalece a Eletrobras como um player no mercado, atuando uma lógica de agilidade para alavancar capital”, disse.

“A decisão é correta porque ela vai nos colocar em pé de igualdade com todas as grandes corporações do mundo”, analisou o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior. O executivo acrescentou que o movimento não altera o processo de reestruturação do grupo estatal como um todo, que inclui entre suas ações a venda das seis distribuidoras federalizadas das regiões Norte e Nordeste e das participações da empresa em sociedades de propósito específico.