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O processo de desestatização da Eletrobras deverá impactar positivamente em todo o mercado de energia elétrica no país, resultando na redução do custo de capital para os investidores e na queda sustentada das tarifas de luz para os consumidores finais. A avaliação otimista é do chefe de análise da 3G Radar, Pedro Batista, que não poupa elogios ao que chama de “medida corajosa e fundamental” tomada pelo governo federal. A redução do capital detido pela União na estatal, na visão do executivo da gestora de recursos, corrige uma distorção de décadas no setor elétrico, ao complementar o programa de privatização iniciado em meados dos anos 1990.
“O movimento anunciado ontem pelo Ministério de Minas e Energia foi o fato mais importante do setor elétrico nos últimos 22 anos. Ao meu ver é algo extraordinário, que complementa um processo de abertura de mercado iniciado há mais de duas décadas, mas que, por diversos motivos, acabou ficando pela metade”, avalia Batista. Os efeitos benéficos desse ajuste, para ele, serão sentidos em pouco tempo, passando pela retomada da atração dos investimentos privados de longo prazo na expansão da geração, algo que vinha se escasseando em função de anos de gestões comprometedoras na maior companhia brasileira do setor de eletricidade.
A gestora calcula prejuízos de R$ 186 bilhões acumulados pela estatal nos últimos 15 anos, decorrentes da ineficiência administrativa, de ingerência política – influenciando na entrada da empresa em projetos deficitários – e de perdas geradas com a Medida Provisória 579. O resultado, segundo Batista, foi a aceleração do quadro de deterioração da holding. A expectativa é que, com pulverização acionária no mercado, a Eletrobras siga o case de sucesso de players estrangeiros que passaram pelo mesmo processo de desestatização. Entre eles a italiana Enel, cujo valor de mercado ultrapassa hoje os R$ 223 bilhões, contra cerca de R$ 20 bilhões da Eletrobras.
“É um modelo que já se provou correto e eficiente em todo o mundo, e que tem tudo para resgatar a Eletrobras enquanto um agente saneado e competitivo”, acredita Batista. Segundo ele, ao mesmo tempo em que a necessidade anual de investimentos no setor chega a R$ 55 bilhões, o lucro acumulado de todas as companhias elétrica não ultrapassa os R$ 18 bilhões. Esse gap é visto pelo executivo como o exemplo mais evidente de como o mercado de capitais é importante complementando o aporte de recursos. Em 2013 a 3G Radar se tornou acionista da Eletrobras, detendo hoje uma fatia de 5,03% em ações preferenciais (sem direito a voto) da companhia.