A agência de classificação de risco Fitch Ratings pronunciou-se nesta quinta-feira, 24 de agosto, sobre intenção do governo federal de privatizar a Eletrobras. Para a Agência, a iniciativa do MME não deve impactar os ratings da companhia a curto prazo, mas é preciso estar atento a conclusão deste processo que levará tempo, devido aos desafios e às discussões políticas envolvendo sua aprovação. O modelo de privatização ainda não foi definido, o que aumenta ainda mais as incertezas.

Atualmente a Eletrobras é classificada pela Fitch com os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) em Moedas Estrangeira e Local ‘BB-’ (BB menos) e com o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA-(bra)’ (AA menos (bra)). A Perspectiva dos ratings é estável.

A Agência contemplará como principais fundamentos da qualidade de crédito futura da Eletrobras sua habilidade de reduzir custos de forma significativa e melhorar a eficiência; o perfil financeiro da empresa após a privatização; e sua capacidade de geração de fluxo de caixa operacional. Este último fator, por sua vez, dependerá da aprovação de uma melhor estrutura tarifária. Atualmente, a empresa recebe uma baixa remuneração advinda de diversos ativos que renovaram antecipadamente suas concessões em 2013.

De acordo com a Fitch, o perfil de crédito da Eletrobras se beneficia de sua importância estratégica para o país, devido à sua posição de destaque no setor elétrico brasileiro, com significativa participação de mercado nos segmentos de geração e transmissão de energia. A União detém 51% das ações com direito a voto da empresa e garantia cerca de 30% de sua dívida consolidada no balanço no final de junho de 2017.

Em base individual, os IDRs da Eletrobras seriam mais baixos, tendo em vista sua capacidade de geração de caixa operacional muito fraca e os investimentos elevados. As iniciativas da administração da companhia voltadas à venda de ativos, a fim de melhorar a estrutura de capital do grupo, têm sido positivas, e a companhia tem tido sucesso na redução dos custos operacionais. Além disso, a empresa receberá, ao longo dos próximos oito anos, receitas de compensação adicionais decorrentes da renovação de concessões de transmissão de energia.

A Fitch reiterou que continuará monitorando os desdobramentos da potencial privatização da companhia, que depende de aprovação tanto do regulador, como do Congresso Nacional. E neste interim, um enfraquecimento do suporte do governo federal poderia ter implicações negativas nos ratings da empresa.