A agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou na última segunda-feira 28 de agosto, os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) em Moedas Estrangeira ‘BB+’ (BB mais) e Local ‘BBB’ da Taesa. A perspectiva é negativa. Ao mesmo tempo, a agência afirmou o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’ da companhia e de sua terceira emissão debêntures, seniores sem garantias reais, no montante de R$ 2,16 bilhões. A perspectiva é estável.
A Fitch ainda atribuiu o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AAA(bra)’ à proposta de quarta emissão de debêntures seniores sem garantias de R$ 435 milhões, A serem divididas em duas séries. A primeira, de R$ 255 milhões, terá vencimento em 2024 e a segunda, de R$ 180 milhões, expira em 2020. Os recursos da primeira série complementarão o financiamento dos projetos Mariana e Miracema, enquanto os da segunda série refinanciarão dívida.
Os ratings da Taesa refletem a expectativa da Fitch de manutenção de sólido perfil financeiro a médio prazo. Atualmente os indicadores de crédito referentes aos IDRs da Taesa são mais fortes que os de seus pares na América Latina. Em base proforma consolidada, a alavancagem é baixa para uma transmissora de energia e o perfil de liquidez, adequado. A análise considera administráveis os riscos associados à fase de construção dos sete projetos que a empresa desenvolve.
A Fitch acredita que a Taesa manterá alavancagem financeira líquida consolidada abaixo de 3,5 vezes nos próximos anos desde que não haja novas aquisições relevantes ou novos projetos. A companhia conseguiu manter a historicamente baixa alavancagem consolidada, apesar dos substanciais pagamentos de dividendos e das significativas aquisições realizados nos últimos anos.
Para a Fitch a empresa conseguirá administrar sua dívida nos próximos anos para mitigar o efeito da redução da geração de fluxo de caixa em seus indicadores de crédito. Em torno de 80% de sua receita anual permitida (RAP) de julho de 2017 a junho de 2018 devem diminuir pela metade assim que as linhas de transmissão completarem 15 anos de operação. Esta regra está prevista nos contratos das concessões adquiridas antes de novembro de 2006. A primeira redução de RAP ocorreu em 2016 e impactos mais significativos deverão surgir a partir de 2018.
O perfil de crédito da Taesa se beneficia de suas receitas de transmissão de energia altamente previsíveis, que se baseiam na disponibilidade de linhas, e não no volume transportado. O aumento da receita consolidada tem sido movido por reajustes anuais da RAP com base na inflação, por remuneração de investimentos nos ativos existentes e pela aquisição de concessões.
No período de 12 meses encerrado em 30 de junho de 2017, a companhia reportou receita líquida de R$ 2,223 bilhões e EBITDA consolidado de R$ 1,997 bilhão, segundo a metodologia da Fitch e as regras contábeis regulatórias, considerando sua participação proporcional nas subsidiárias. Em 2016, estes valores eram de R$ 2,124 bilhão R$ 1,901 bilhão, respectivamente.
A margem de EBITDA tem sido alta, de 87% a 90%, uma característica das empresas de transmissão do Brasil. Receitas e margens tendem a cair com o início do ciclo de redução da RAP em parte da carteira, mas serão parcialmente compensadas pela entrada em operação de novos projetos. No período de 12 meses encerrado em 30 de junho de 2017, a margem de EBITDA foi de 89,8%, ante 89,5% em 2016 e 89,7% em 2015.
Segundo a Fitch, a Taesa pode manter seu fluxo de caixa livre (FCF) positivo mesmo após o impacto da redução da RAP e dos investimentos em novos projetos. Ainda assim, o FCF não será suficiente para cobrir recentes aquisições e aportes de capital em projetos não consolidados em suas demonstrações financeiras. Desde 2016 a companhia adquiriu, direta ou indiretamente, seis concessões em leilões promovidos pela agência reguladora. A Fitch considera que, de 2017 a 2021, em bases consolidadas, as necessidades de caixa da Taesa para investimentos serão de aproximadamente R$ 700 milhões ou R$ 1,2 bilhão, se somados os aportes de capital em todos os projetos em desenvolvimento.
O cenário-base da Fitch projeta que os fortes pagamentos de dividendos continuarão pressionando o FCF, correspondendo a 91% do lucro líquido. Como mitigante, o fluxo de caixa das operações (CFFO) permanece robusto, refletindo as elevadas margens dos negócios. Pelas regras contábeis do IFRS, o CFFO e o FCF foram de R$ 1,358 bilhão e R$ 611 milhões, respectivamente, no período de 12 meses encerrado em 30 de junho de 2017, após pagamento de R$740 milhões de dividendos.