A criação e o aperfeiçoamento de mecanismos operacionais visando à mitigação dos efeitos da intermitência natural que caracteriza as eólicas é hoje um dos principais desafios para o segmento, dada a previsão de crescimento de participação que a fonte terá no país e especialmente na região Nordeste nos próximos anos. A avaliação é do diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Luiz Eduardo Barata, que destacou a questão durante exposição nesta quarta-feira (30) durante o “Brazil Windpower 2017”, promovido pelo Grupo CanalEnergia e pela Associação Brasileira de Energia Eólica no Rio de Janeiro.
Segundo o executivo, a necessidade de aprimoramento dos mecanismos de previsão passa pela projeção de a geração por meio dos ventos alcançar uma fatia de 10% no país em 2021, passando para uma participação de 15% em torno de 2025. No caso da região Nordeste, disse Barata, a questão da previsibilidade torna-se ainda mais crucial em razão dos níveis críticos de vazão do rio São Francisco, que hoje opera com vazão mínima de 600 m³/s – podendo chegar a 550 m³/s. Com a limitação da geração hídrica, a eólica já responde, na média, por mais de 50% do abastecimento do Nordeste.
“A chegada e o forte crescimento da eólica no Nordeste, justamente em um momento de redução da capacidade do São Francisco, se apresenta como uma verdadeira salvação para o abastecimento da região”, destacou Barata. Além da revisão das previsões intraday, ele observou que a atuação do ONS em torno da melhoria dos mecanismos de previsão para a eólica passa ainda pelo aprimoramento dos critérios na análise entre um dia e outro. Barata ponderou também que os trabalhos para mitigação da intermitência devem envolver a Abeeólica, empreendedores de parque e fabricantes de equipamentos.
O diretor-geral do ONS observou que, do ponto de vista da operação do sistema, o gerenciamento do atendimento energético à região Nordeste apresenta um desafio, principalmente pela forte participação de uma fonte intermitente na base do fornecimento em um momento de crise hídrica. O quadro acaba exigindo uma maior geração de usinas termelétrica como complemento – sendo que muitas delas não foram contratadas com a previsão de operarem durante muito tempo, o que causa problemas contratuais e de operação – e um aumento das parcelas de importação de energia elétrica de outras regiões do país.