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Apesar de fortemente impactado pelas medidas previstas no novo modelo do setor elétrico, o segmento de distribuição é muito pouco citado na proposta de marco regulatório, o que pode comprometer a aplicação de algumas medidas de empoderamento e desregulamentação do novo consumidor de energia elétrica. A crítica é do CEO do Grupo Enel no Brasil, Carlo Zorzoli. Segundo ele, as propostas institucionais deveriam integrar questões importantes que, em um primeiro momento, não foram contempladas, entre as quais a necessidade de modernização da rede elétrica, como forma de suportar as mudanças no perfil de consumo.

“O setor elétrico brasileiro está aberto a mudanças importantes, como o empoderamento do consumidor. Há muita pressão para que o novo consumidor tenha o direito de escolha, de participação, ao passo que novas tecnologias estão chegando e vão mudar o mercado”, disse o executivo, que participou nesta quarta-feira (30), no Rio de Janeiro, do “Brazil Windpower 2017”, evento promovido pelo Grupo CanalEnergia e pela Associação Brasileira de Energia Eólica. No geral, Zorzoli classificou o processo de discussão aberto pelo governo com os agentes do setor como democrático, permitindo contribuições por toda a sociedade.

Entre o que chama de ponto de atenção no conjunto de propostas para o setor de energia elétrica, o presidente da Enel destaca a financiabilidade da expansão da geração e o mecanismo de formação do preço. Na visão dele, o fato de o Brasil ter uma forte base renovável, com um mix de fontes com custo marginal zero, traz a necessidade de um prazo de transição na implantação do modelo por preços. “É algo que precisa ser bem conversado. Algumas das medidas podem ter impacto regulatório e tarifário, então é importante que, antes de aplicá-las, sejam feitas várias análises sobre como mitigar esse efeito”, citou Zorzoli.

A separação de lastro e energia, associada a uma maior confiança no mercado livre, deve ser implementada de forma cuidadosa, destaca o CEO da Enel, na medida em que pode impactar diretamente a atração de investimentos em projetos de renováveis – intensivos em capital. A contribuição apresentada pelo grupo ao Ministério de Minas e Energia sugere que os leilões de lastro e de energia para o mercado regulado – que seguirá tendo aproximadamente 50% de toda a carga do país – ocorram de maneira casada, com a venda apenas de parte da energia e o restante sendo direcionado à negociação no mercado de livre contratação.

“Imaginar que um mundo que opera 100% com leilões de longo prazo vá funcionar plenamente de um dia para o outro com a separação do lastro sendo totalmente alocada no mercado livre não é real. É necessária uma transição, um processo que dê transparência aos custos e permita a financiabilidade para a expansão do sistema”, diz o empresário. Sobre a possibilidade de participação no próximo leilão de transmissão, previsto para dezembro deste ano, Zorzoli confirmou que a Enel tem com meta entrar na disputa caso haja a oferta de ativos que possam trazer sinergia com as atuais operações mantidas pela empresa.

O executivo deu a entender que o grupo italiano não irá participar do processo de privatização da Eletrobras, em função de o modelo de pulverização das ações detidas pela União em bolsa não contemple a associação a um player estratégico de grande porte, como é o caso da Enel. “A privatização passa pela criação de um player estratégico, com mentalidade privada. Não é um negócio para convidar acionistas estratégicos para participar da gestão da Eletrobras. E a Enel é claramente um investidor industrial estratégico. Então eu acredito que não seja essa uma possibilidade de investimento”, avaliou o executivo.