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O Brasil está no mapa da expansão internacional da gigante chinesa Goldwind, a maior fabricante de aerogeradores daquele que é o maior mercado mundial. A companhia já possui presença local por meio de um escritório na cidade de São Paulo onde os próximos passos estão sendo delineados para que possa estabelecer seus primeiros MW instalados em território nacional. A estrada que a companhia pode seguir ainda não está pavimentada, mas um ponto parece estar solidificado, esse caminho não passa pelos ativos da Impsa em Cabo de Santo Agostinho (PE). A decisão foi tomada no mês passado e agora a companhia coloca em andamento o que chama de plano B.
Segundo o diretor geral da empresa para a América do Sul, o chinês Liang Xuan, o processo de due dilligence conduzido pela Goldwind em relação aos ativos da fabricante argentina levou a resultados que não atendiam as necessidades da companhia chinesa. O executivo lembrou que esse seria o caminho natural e mais rápido para a chegada ao Brasil, afinal essa fábrica já produzia a turbina com a tecnologia da alemã Vensys localmente. Essa aquisição, contou o executivo, era o plano A da Goldwind para finalmente estabelecer-se no Brasil. Como os resultados não foram satisfatórios diante das exigências da fabricante oriental, o caminho era seguir para o plano B, que tomaria um tempo mais extenso.
Xuan lembrou que a Goldwind não havia aportado no Brasil justamente por conta dessa relação entre a Vensys e a Impsa. “Havia um acordo de exclusividade entre as duas empresas onde somente a Impsa poderia utilizar a tecnologia no país, mesmo depois da Goldwind ter comprado a companhia alemã”, contou ele em entrevista à Agência CanalEnergia. “Desde o ano passado as coisas mudaram e essa exclusividade de uso da tecnologia PMDD é nossa, por isso podemos entrar no mercado brasileiro”, acrescentou.
Apesar de a empresa colocar em prática seu plano B ainda não há uma decisão clara sobre qual é esse caminho. Xuan comentou que a empresa levou algum tempo para entender as regras de conteúdo local do BNDES e outras especificidades do sistema legal e regulatório nacional.
Uma fábrica local não está descartada, mesmo diante das implicações que dificuldades de um processo começando do zero impõem, entre eles o estabelecimento da cadeia de fornecedores até a implantação da fábrica propriamente dita. O diretor geral afirma que esse processo levaria muito tempo e que alcançar as regras do BNDES para fornecimento baseado no Finame ainda estaria afastado do alcance da Goldwind.
“Mas, eu quero enfatizar que temos um processo de internacionalização de negócios, e nós  entendemos que esse processo é uma estratégia de longo prazo firme. Por isso nossa opinião é de que não podemos trabalhar sempre a partir da China, precisamos ir para outros mercados e pegando essa estratégia, temos algumas opções, incluindo o Brasil. Contudo, esse país, eu posso afirmar, está no topo dessa lista de opções”, afirmou ele.
Entre os motivos elencados para que o Brasil esteja nessa posição ele citou as perspectivas de longo prazo no mercado nacional e que são indicadas pelo PDE 2026. Mesmo com os altos e baixos da contratação, como a ausência de leilões no ano passado, decorrente entre outros fatores da crise econômica, o futuro mostra-se interessante para a fonte já que não há uma grande disponibilidade de fonte hídrica, a solar está em seu início e o Brasil possui uma tradição e compromissos para a implantação de fontes de energia renovável. “Dentro das renováveis a eólica tem uma grande possibilidade de crescimento”,  indicou.
Justamente de olho nesse mercado é que a companhia fez sua estreia na Brazil Windpower esse ano. E isso no mesmo ambiente em que todos os fabricantes estabelecidos por aqui apresentavam seus produtos. E essa grande presença de fabricantes pode levar a empresa a pensar em alternativas para se colocar como uma opção competitiva mesmo diante do tempo que a separa das operações de empresas tradicionais no mercado nacional. “Estamos procurando por oportunidades e para isso temos algumas ideias diferentes”, comentou.
Entre as alternativas estão a busca por formas de financiamento de produtos importados por meio de outras fontes que não o BNDES. Ele citou que a Goldwind já possui relacionamento sólido com dois bancos de fomento chineses, o China Development Bank e o Exim Bank. Além disso, há outras opções como outros bancos multilaterais internacionais, BID e Banco Mundial que também poderiam ser um caminho para a chegada ao país. Ele não descartou ainda os bancos comerciais apesar de taxas mais elevadas, mas ressaltou a necessidade de um hedge cambial, e ainda, vê a necessidade de que haja parcela do PPA em dólar para a proteção dos investidores.
“Sabemos que as regras do BNDES são restritivas e respeitamos essas condições. Contudo, se não for utilizar essas linhas de financiamento, o equipamento não precisa ser nacional”, lembrou. “Ao comparar somente o custo dos equipamentos importados e nacionais você acaba vendo que o fabricado por aqui tem um preço mais elevado, a diferença acaba sendo o custo de  financiamento. É necessário colocar os dados em modelos financeiros e ver o que é melhor. Então estamos colocando todos esses inputs para que tenhamos a melhor decisão para ao final das contas apresentarmos o melhor para os nossos stakeholders que é ser uma empresa lucrativa e sustentável”, argumentou.
Xuan lembrou que apesar de o país ter dimensões continentais, perspectivas de crescimento no longo prazo e com base em renováveis, a demanda não é grande o suficiente para abrigar tantos produtores. Por isso uma opção de operação mais flexível com a possibilidade de diversificar a sua oferta de produtos mais direcionados de acordo com a característica regional de cada tipo de vento, e em grande escala possa fazer mais sentido econômico. Em sua avaliação, não é possível ter esse volume de produção em uma mesma unidade. Ao mesmo tempo, a abertura de mercados financeiros pode ser a resposta a essas questões. E finalizou ao apontar que isso acontece no mundo e o Brasil deverá entrar nessa tendência em breve.
A Goldwind tem 30 anos de atuação e hoje contabiliza somente na China cerca de 40 GW instalados. Nos cálculos da empresa esse é o mesmo volume quando soma os equipamentos instalados pela 2ª, 3ª e 4ª colocados no mercado local. Está presente na América Latina por meio de projetos operacionais ou ainda em construção e prospecção no Panamá, Equador, Chile, Bolívia e Argentina.
No ranking global de fabricantes de aerogeradores on shore em 2016 a empresa figurou como a terceira maior com 6,4 GW instalados, ficou atrás da dinamarquesa Vestas com 8,7 GW, da americana GE com 6,5 GW. Os dados são da Bloomberg New Energy Finance. No ano de 2015 ocupou o primeiro lugar e todo esse volume apenas em seu mercado interno.