A agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu na última sexta-feira, 1º de setembro, o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA+(bra)’ à proposta de oitava emissão de debêntures da Cemar, no montante de R$ 500 milhões. A proposta de emissão, da espécie quirografária, será realizada em até duas séries, sendo a primeira com vencimento no final de 2022 e a segunda, em 2024. Os recursos serão destinados à cobertura de necessidades de capital de giro da companhia e a Fitch classifica o rating da Cemar com Perspectiva Estável.

Os ratings refletem a expectativa da Fitch de que a Cemar será capaz de manter forte perfil financeiro, com alavancagem líquida abaixo de 2,0 vezes, alongado perfil de vencimento da dívida, adequada posição de liquidez e robusta geração operacional de caixa, fortalecida após a revisão tarifária concluída em agosto de 2017. A agência acredita que a companhia conseguirá suportar uma provável maior demanda por dividendos de sua controladora, Equatorial Energia.

Os ratings da Cemar também se apoiam em seu sólido desempenho operacional, visto a companhia apresentar adequada administração de custos gerenciáveis, consistente evolução de seus indicadores operacionais e perspectivas positivas de recuperação do consumo de energia em sua área de concessão, ainda que o ambiente macroeconômico desafiador possa dificultar o combate às perdas, elevar os índices de inadimplência e resultar em taxas menos expressivas de crescimento nos próximos anos. A Fitch também considerou, em sua avaliação, o moderado risco regulatório e a existência de risco hidrológico, inerente ao setor de atividade da Cemar e que, atualmente, se encontra acima da média.

Para a Fitch, a companhia será capaz de manter um perfil financeiro conservador, com reduzida alavancagem. A empresa se beneficiará da recente revisão tarifária, que teve efeito positivo em sua geração operacional de caixa. A expectativa é de que, nos próximos anos, a Cemar adicione ao seu EBITDA, de R$ 620 milhões no período de 12 meses encerrado em junho de 2017, o ganho decorrente da elevação do EBITDA regulatório definido no atual ciclo, de R$ 709 milhões, frente aos R$ 578 milhões no último ano do ciclo anterior. A estratégia financeira da companhia foca a contratação de dívidas de longo prazo e de baixo custo para financiar seus investimentos programados, o que favorece os índices de cobertura da dívida.

A Fitch acredita que o fluxo de caixa livre (FCF) da Cemar deve ficar negativo nos próximos três anos, pressionado por um pagamento mais substancial de dividendos, apesar da redução dos investimentos para cerca de R$ 400 milhões em 2017 e 2018. No período de 12 meses encerrado em 30 de junho de 2017, o fluxo de caixa das operações (CFFO), de R$ 319 milhões, foi insuficiente para cobrir os investimentos, de R$ 509 milhões, e os R$ 164 milhões de dividendos pagos, o que resultou em FCF negativo, de R$ 354 milhões. A expectativa para 2017 é de FCF negativo de aproximadamente R$ 70 milhões.

A Cemar tem se favorecido de uma evolução do consumo faturado de eletricidade em sua área de concessão melhor do que a média brasileira, apesar da retração de 3,6% nos primeiros seis meses de 2017 em relação a igual período de 2016 e da expectativa da Fitch de queda de 1% ao final deste ano. A taxa média anual de crescimento da energia faturada no período de 2011 a 2016 foi de 7,1% (de 3,5% em 2016). Nos primeiros seis meses de 2017, o volume faturado foi prejudicado pela crise econômica e por temperaturas mais baixas. Nos anos anteriores, a evolução do consumo foi suportada pelo crescimento econômico do Estado do Maranhão, pelas ações de combate a perdas e pela ligação de novos clientes.