O cenário do setor elétrico nacional parece estar em outro ritmo bem distinto do que se via no ano passado. Um dos sinais que apontam para essa mudança é que as conversas entre fornecedores e clientes estão sendo retomadas, não somente por conta do leilão para energia nova A-4 e A-6 que ganharam nesta segunda-feira, 4 de setembro, datas para a sua realização. Até mesmo projetos para o mercado livre voltaram a entrar no radar. De acordo com o relato de Leandro Bertoni, gerente geral de Subestações da ABB Brasil, o otimismo está de volta ao setor.
E a multinacional segue a onda desse otimismo. Ainda mais em um mercado em que contabiliza cerca de 60% do mercado eólico contando as subestações individuais de aerogeradores e as subestações de parques eólicos. O executivo contou que houve um aquecimento nas conversas nos últimos meses.
“Não falamos somente de leilão, mas de clientes em geral, pois atuamos com suporte técnico, auxiliamos no cálculo de investimentos, entre outros temas. Sem dúvida o leilão ainda é a mola propulsora dos investimentos, mas ainda há aqueles projetos aguardando para serem construídos e o mercado livre também é importante. A maior parte dessas conversas decorrem dos leilões mas a movimentação decorre também do mercado livre”, comentou.
Esse viés positivo vem em decorrência das ações que o governo tomou ao longo do ano, desde o cancelamento do certame programado para o final de 2016. Nesse período, citou, houve a descontratação de projetos que não iriam sair do papel. Ao mesmo tempo houve o desenvolvimento do PDE 2026 que está em consulta pública que prevê a expansão do setor com um volume grande de investimentos. Outro fator destacado é a consolidação de players do mercado eólico, o que traz uma expectativa mais favorável ao segmento.
Falando em termos de subestações a ABB tem como foco a digitalização para o mercado eólico. Tanto que durante ao maior evento do segmento eólico da América Latina, o Brazil Windpower, foi apresentada uma nova plataforma desenvolvida pela empresa. Sua aplicação visa auxiliar na comunicação de todos os sistemas de controle de conexão de um aerogerador à Rede Básica. Bertoni lembrou que há no mercado uma série de linguagens diferentes e que as plataformas eram parcialmente digitalizadas. Com isso, a ABB apostou na expansão dessa aplicação para oferecer um sistema que trouxesse uma plataforma única de comunicação.
“As subestações são totalmente digitalizadas, temos desde os sensores de coleta digitais. Isso permite mais conectividade, otimização da análise de dados e não está apenas no sistema de controle”, disse o gerente. “Tudo é feito em tempo real em um nível de automação maior e proporciona maior tratamento dos dados”, acrescentou.
Essa plataforma, continuou, permite atuar de forma mais rápida nos equipamentos. Isso, comentou, otimiza as ações dos geradores e ao mesmo tempo reduz a necessidade de manter uma infraestrutura mais pesada por parte do cliente. Até porque muitas ações podem ser tomadas remotamente e o tratamento das informações é feito em nuvem.
Bertoni apontou que a digitalização é um tema que vem sendo tratado como um ponto importante no setor eólico. A tendência é de que os novos parques e os próximos a serem construídos já devem incluir esse ponto em seus projetos e no futuro, acredita o executivo, deverão adotar esse conceito em diversos níveis a digitalização. “A digitalização será um item obrigatório e não mais um diferencial competitivo para os projetos. Acreditamos que esse deverá ser o próximo grande passo do segmento”, finalizou.