A agência de classificação de risco Fitch Ratings atribuiu na última segunda-feira, 4 de setembro, o Rating Nacional de Longo Prazo ‘AA+(exp)(bra)’ à proposta de segunda emissão de debêntures da Delta 3, de titularidade da Ômega Energia, no total de R$ 220 milhões, com vencimento em 2029. A Perspectiva do rating é estável.
O rating reflete a mitigação do risco de ramp-up do projeto por meio de fianças bancárias; a existência de um satisfatório estudo de ventos, baseado em duas torres anemométricas com cinco e seis anos de medições e boa correlação de longo prazo; as características dos contratos de compra e venda de energia (CCEARs) de Leilões de Energia Nova (LEN), que liquidam eventuais déficits de geração de energia ao preço de liquidação de diferenças (PLD); as caraterísticas dos contratos de energia de reserva (CERs) de Leilões de Energia de Reserva (LER), que liquidam eventuais déficits de geração de energia a um fator sobre o preço contratado; e a exposição de 15% da garantia física ao mercado livre.
A Delta 3 comercializou 83,7% de sua garantia física no mercado regulado. Sete parques eólicos se beneficiam de CCEARs firmados com 28 distribuidoras e um parque se beneficia de CERs consolidados com a CCEE. Estes contratos têm vinte anos de duração, e os preços, fixos, são reajustados anualmente pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de 12 meses. No entanto, os déficits de produção dos CCEARs são precificados ao Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), preço spot da energia, ao passo que no caso do CER, o preço de ressarcimento é um fator aplicado sobre o preço contratado. Estes efeitos de ressarcimentos são mitigados pelo mecanismo quadrienal de compensação. Os 16,3% da garantia física restante são compostos por contratos bilaterais no mercado livre e energia descontratada. Como a Fitch não conhece a qualidade de crédito das contrapartes compradoras desta energia, foi assumido um preço de R$ 90/MWh, a preços de 2011, quando se verificou os menores preço de energia eólica no mercado regulado. Para o PLD, foi asumido o valor de R$ 250/MWh, a preços de 2015.
O complexo eólico se beneficia de fianças bancárias que cobrirão o valor da emissão até a conclusão do projeto, que pressupõe DSCR anual mínimo de 1,3 vez, preenchimento de todas as contas reservas, geração mínima a P-90 nos últimos 12 meses e venda de 13,63MW médios no mercado livre por ao menos R$ 170/MWh de 2022 a 2024 e BRL160/MWh de 2025 a 2029. Assim, a conclusão do projeto ocorrerá apenas após março de 2019. O projeto vem sendo comissionado desde maio de 2017 e deve começar a operar em setembro de 2017, sendo beneficiado por vendas de energia no mercado livre e liquidação no mercado de curto prazo, dado que as datas de início de suprimento no mercado regulado são 1 de janeiro de 2018, no caso do LEN, e 1 de novembro de 2018 no do LER.
No cenário-base da Fitch, os DSCR mínimo e médio foram de 1,18 vez e 1,84 vez. No cenário de rating, de 1,18 vez e 1,55 vez. Já a alavancagem, medida por dívida líquida/EBITDA, cai de 5,71 vezes em dezembro de 2018 para 3,74 vezes em 2023. Os breakevens de produção de 42,6% abaixo do P-50 e de incremento de 720% nos custos de O&M dos aerogeradores são reflexo de margens EBITDA mais elevadas que de outros projetos eólicos cobertos pela Fitch no Brasil em razão de preços e fatores de capacidade elevados, apesar de uma alavancagem maior.