A economia dá os sinais de que começa a sair do cenário de recessão dos dois últimos anos e com isso o consumo tende a aumentar mesmo diante do momento político. Ao mesmo tempo a situação hidrológica de dois dos nossos quatro submercados passam por um momento delicado, o que pode sobrecarregar os outros dois. Com essa visão, a expectativa é de que o mercado de geração distribuída possa retomar um círculo virtuoso de expansão em decorrência de suas especificidades que são a capacidade de responder à necessidade de expansão em pouco tempo e evitar perdas do sistema de transmissão.
Em uma conta relativamente simples elaborada pelo presidente executivo da Cogen, Newton Duarte, são cerca de 6,5 GW médios de energia que se perde no Brasil, pois o índice é de cerca de 10% da carga nacional. “É como se o país tivesse que investir uma Belo Monte e meia somente para compensar essas perdas”, comparou.
Duarte se mostra otimista com as perspectivas da geração distribuída justamente por seus atributos serem positivos para o setor elétrico diante dessa conjuntura que se coloca para o país. Ele lembra que essa modalidade de geração não se restringe apenas aos pequenos projetos de micro e mini geração solar ou eólica. A GD, explicou, pode, em muitas vezes alcançar 100 MW, pois o que determina uma modalidade ser chamada de GD é o fato da geração de estar junto à carga, o que inclui aí as fontes gás natural e biomassa.
Ele argumenta que o momento é positivo em decorrência do momento econômico porque a demanda tende a aumentar e em um momento no qual a condição hidrológico, principalmente, no Nordeste e no Norte mostra-se delicada. “Uma condição que começa a nos rondar é a seca futura, estamos vivendo um inverno quente e seco, tanto que no Tocantins vemos a situação crítica do reservatório de Serra da Mesa com 9% da capacidade. No São Francisco temos a vazão mínima histórica de 550 metros cúbicos por segundo, esse é o volume de apenas uma máquina da UHE Xingó, há seis máquinas e cinco estão paradas”, apontou. “Então, temos que recorrer aos reservatórios que nos restam, no Sudeste e no Sul. Sem isso temos que utilizar eólicas e a GD, para assim poupar os nossos reservatórios”, acrescentou.
Por isso, disse, todas as fontes que a GD, modalidade de geração que a entidade que preside representa, podem responder ao desafio. A biomassa poderá ver o aumento expressivo da moagem de cana com o RenovaBio, que pretende dobrar o volume de etanol produzido no país. Consequentemente, continuou, aumenta o volume de bagaço e vinhaça que são dois grandes combustíveis para a produção de energia, desde que haja investimentos em usinas.
Segundo dados apresentados por ele, das 440 usinas de etanol no país, apenas 150 exportam energia para a rede. Com investimentos em retrofit nessas centrais o país poderia contar com mais 4 GW em potência instalada. Com a vinhaça poderia-se acrescentar outros 2,4 GW em potência ao sistema. Contudo, para isso ainda é necessário que o processo de estabelecimento do VR específico para a GD seja finalizado. Hoje o valor estaria acima de R$ 300/MWh. Com gás natural o aumento da capacidade de geração em projetos de GD é estimado em pelo menos 800 MW em locais de grande consumo como centros de convenções, hospitais e shoppings centers. Além disso, continuou, há os projetos solares e eólicos.
“O Forum Cogen/CanalEnergia vem em um momento interessante por conta dessa conjuntura. Inclusive, alertamos a EPE no PDE 2026 para encaixar na perspectiva do plano essas implicações do RenovaBio para a geração a biomassa”, lembrou o presidente executivo da Cogen.
O evento é uma co-promoção entre a Cogen e o Grupo CanalEnergia e será realizado em 21 de setembro, no Grand Hyatt de São Paulo. No foco das discussões deste ano estará a expansão do setor elétrico brasileiro via geração distribuída, seu novo modelo e os consequentes impactos sobre o SIN. No escopo dos debates estão ainda o avanço da tecnologia e um painel para cada modalidade de geração. O almoço será com Bernardo Bezerra da PSR como keynote speaker, oportunidade na qual abordará as “Fontes Renováveis através da GD”.
Entre as autoridades esperadas estão o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Eduardo Azevedo, o secretário de Energia de São Paulo, João Carlos Meirelles e o presidente do Conselho de Administração da CCEE, Rui Altieri Silva. Para acessar o site do evento e ter mais informações sobre o Forum,
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