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Diretor-geral da Coppe/UFRJ e tendo presidido a Eletrobras no início do governo Lula, Luiz Pinguelli Rosa mais que desaprova a decisão do governo federal de privatizar a empresa. O professor vê com preocupação o processo de transferência da empresa que opera em um setor estratégico ao país para as mãos do capital privado e acredita que apenas uma forte reação possa trazer alguma mudança ao movimento. “Vai depender da reação da sociedade, que está muito perplexa”, afirma ele que se disse pego de surpresa com a decisão do Ministério de Minas e Energia.

Foi na gestão de Pinguelli Rosa, presidente da estatal nos anos de 2003 e 2004, que a Eletrobras retomou a sua capacidade de investimento na geração e foi retirada do plano de desestatização. Para ele, a empresa ainda poderia ser lucrativa, embora ele reconheça o baque que a MP 579 deu nas suas receitas. “No tempo em que eu fui presidente, ela foi muito rentável, as ações subiram muito”, aponta. Uma possível venda para cobrir o buraco nas contas públicas também não é aceita por ele, já que a venda da empresa não solucionaria o problema.

Elegendo as empresas chinesas como potenciais compradoras da Eletrobras, Rosa lembra que nesse caso a Eletrobras continuaria subordinada a um ente estatal, só que neste caso o governo chinês, que controla empresas como a CTG e a Spic Overseas. O diretor da Coppe também criticou a fala do ministro Fernando Coelho Filho que no médio prazo as tarifas de energia iriam cair com a privatização. “Isso é pura mentira”, dispara.

A Chesf, cuja venda vem despertando a maior reação dentre as subsidiárias do grupo Eletrobras, é vista pelo ex-presidente como uma empresa regional e hidráulica, o que uma privatização agravaria. Segundo ele, os governadores da região já detectaram isso, motivo pelo qual já se posicionaram contra a venda. Para ele, o fator político pode alterar o destino da estatal nordestina. A complexidade do grupo Eletrobras, que abrange a relação com Itaipu e o financiamento da usina da Angra 3 também são fatos que o ex-presidente coloca como impeditivos para um célere processo de venda. Mas para Pinguelli Rosa, isso não deverá ser obstáculo para o governo, cujo apetite para as privatizações se mostra elevado. “Há dificuldades de enfrentar os obstáculos legais, mas esse grupo que assumiu o Brasil está a fim de vender tudo”, comenta.

O mecanismo de Golden Share que o governo promete inserir não anima o diretor da Coppe. “Ela é muito simbólica. Não prevê o que faz e o que não se faz. Ela admite a hipótese de uma intervenção se houver um problema”, comenta. Rosa também viu a desconfiança de muitos agentes com o processo, mas vê uma certa letargia nas reações à privatização. “Existe uma certa indignação, mas falta organização”, conclui.