A CPFL e a Secretaria de Energia e Mineração do Estado de São Paulo formarão uma força tarefa para estimular as usinas de açúcar e etanol a utilizar seu potencial adicional de geração de energia que está ocioso. A ideia é a de visitar todas essas centrais verificar o que é necessário para que esse potencial, já mapeado, possa chegar à rede básica. A estimativa é de que as usinas possam injetar mais 227 MW com os equipamentos existentes.
De acordo com o secretário João Carlos de Souza Meirelles, foram mapeadas 201 usinas existentes no Estado. Dessas usinas, 33 produzem energia, são 1.727 MVA, potência exportada de 765 MW e consumo próprio de 735 MW. A secretaria aponta que os 227 MW são obtidos ao se considerar o excedente de energia que essas 33 usinas conseguem produzir na região da SE Morro Agudo, inaugurada nesta quinta-feira, 14 de setembro, pela CPFL Energia.
Segundo dados apresentados pelo órgão essa capacidade adicional equivale ao consumo anual de uma cidade como Ribeirão Preto, que possui 600 mil habitantes.
“Vamos nos reunir com o pessoal da CPFL e ir de usina em usina para ver qual é o problema de cada um para que possamos viabilizar a injeção desse potencial de energia que está disponível”, comentou o secretário. “Essas conversas com a empresa já começarão na semana que vem, se identificarmos que há dificuldade, por exemplo, em acessar a rede por falta de uma primeira, subestação que e de responsabilidade da usina, podemos avaliar como financiar esse ativo”, exemplificou Meirelles.
O presidente da CPFL Energia, André Dorf, comentou que a subestação já foi inaugurada com vistas às possíveis expansões que podem ser necessárias naquela região. O ativo fica em meio a um canavial de uma usina e ao lado da linha de transmissão de 500kV Marimbondo–Ribeirão Preto da State Grid. Há um setor de 500 kV e outro de 138 kV, tensão que essas térmicas a biomassa injetam energia. A potência instalada por enquanto é de 800 MVA.
Dorf comentou que a maior expansão que pode ser promovida com o ativo é justamente a elevação do volume de energia produzida pelas usinas. Segundo o executivo, já é possível nota de um ano para cá o aumento no interesse dos usineiros em voltar a investir na expansão de seus ativos. Ele lembra que no inicio desta década houve um problema decorrente de política tarifária de combustíveis que desestimulou o etanol. Um cenário que dá sinais de inversão.
“Há um limitador nas usinas da região que afetou a cogeração. Vimos uma expansão no meio da década de 2000 e depois em 2010 diante do nível de preços da gasolina perderam competitividade, tanto que mais de 60 usinas em recuperação judicial. De um ano para cá retomaram o interesse e com possíveis novos investimentos que devem voltar”, comentou Dorf.
A CPFL, que possui oito usinas a biomassa por meio da sua subsidiária CPFL Renováveis, vem sendo consultada sobre novos investimentos em usinas de açúcar e etanol. Contudo, disse o executivo, as conversas não avançaram porque a companhia possui outras prioridades além da construção de ativos dessa natureza.
Apesar desse posicionamento, o presidente da CPFL Energia, acredita que cada vez mais a biomassa – e outras renováveis – ficarão mais competitivas em decorrência de restrições cada vez maiores a fontes como a hidrelétrica de grande porte. Ele lembra que essa perspectiva já está sendo considerada até mesmo na CP 33 que está em andamento no Ministério de Minas e Energia quando se fala sobre a valorização dos atributos de cada fonte e seu valor locacional.
* O repórter viajou a convite da empresa