fechados por mês
eventos do CanalEnergia
mantenha-se informado
sobre o setor de energia.
O movimento sindical do Rio de Janeiro deu início à movimentação contra a privatização da Eletrobras, proposta pelo governo federal no fim de agosto. Em seminário realizado no Clube de Engenharia nesta quinta-feira, 21 de setembro, a necessidade de mobilização dos funcionários foi a palavra de ordem. Representantes de sindicatos, políticos e organizações participaram do evento, que também debateu a Chamada Pública 33, sobre a mudança do modelo do setor.
De acordo com Jorge Luiz Vieira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Empresas de Energia do Rio de Janeiro, o próximo ato no Rio de Janeiro ocorrerá no dia 3 de outubro.
O presidente do Clube de Engenharia, Pedro Celestino, ressaltou que para interromper a privatização da Eletrobras seria preciso que os funcionários saíssem do imobilismo. Ele lembrou que a criação da empresa, na década de 1950, enfrentou vários obstáculos, devido a pressões de interesses contrários ao interesse nacional. Na carta testamento de Getúlio Vargas, é dito que a criação da Eletrobras e da Petrobras foi “obstaculada até o desespero”. Celestino criticou ainda o programa de privatização do governo, definindo-o como “rolo compressor”.
Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe e presidente da Eletrobras entre 2003 e 2004, também bateu na tecla da mobilização, já que a perspectiva para a empresa e os funcionários não era boa. Pinguelli questionou o conceito de eficiência que uma empresa privada poderia ter, lembrando que um hospital pode dar muito lucro fazendo muitos atendimentos, mesmo que matasse os seus pacientes morressem. “Não é verdade que toda estatal é ineficiente”, afirmou. Segundo ele, o setor elétrico funciona de modo satisfatório e vender a empresa não é o melhor caminho.
Se já há uma organização no Nordeste, com frentes contra a desestatização da Chesf, a classe política do Rio de Janeiro – estado em que ficam sediadas a holding da Eletrobras, Furnas e o Cepel – ainda não se organizou para deliberar sobre o tema. O deputado federal Glauber Braga (PSOL), citou a necessidade de articulação para que a resistência ao processo se efetivasse. Braga criticou a bancada fluminense que, segundo ele, é submissa ao governo e ao PMDB, não se reunindo para debater temas do interesse do estado. Ele espera que o processo de privatização seja avaliado pelo parlamento, e destaca que instrumentos como greves e pressão de parlamentares podem dar resultado.
Também presente ao seminário, o deputado federal Luiz Sérgio (PT) frisou que no estado a resistência está restrita ao campo da esquerda e que acredita que os deputados da bancada ainda irão deliberar sobre o tema. Ele criticou que a condução do processo esteja sendo feita pelo ministro Moreira Franco, acusado de corrupção pela Procuradoria-geral da República.
O economista Gustavo Teixeira, do Dieese, alertou que o novo modelo do setor poderá trazer volatilidade ao preço da energia elétrica e que a descotização vai trazer o aumento nas tarifas. Segundo ele, as empresas estatais brasileiras têm uma importância na economia do país, já que geram mais de 500 mil empregos, foram responsáveis por 35% dos dividendos distribuídos em 2016 e foram responsáveis por 10% dos investimentos no ano passado.
O momento que vive o setor elétrico no mundo, que passa por uma transição para fontes renováveis, não é considerado propício para Ronaldo Bicalho, do Instituto Ilumina. Para ele, o setor passa por uma transformação e ninguém sabe como será o seu futuro. Ele também enfatizou o caráter estratégico da Eletrobras, do qual o estado não pode abrir mão, e questionou os valores sugeridos com a privatização. “Não podemos vender o filé mignon como carne moída”, avisa.