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O primeiro corpo a corpo do ministro de Minas e Energia com o Congresso Nacional para defender a privatização da Eletrobras mostrou que o assunto não foi bem digerido por parlamentares de diferentes partidos, incluindo antigas e atuais lideranças do governo nas duas casas. Nas mais de 11 horas durante as quais participou de duas audiências públicas no Senado e na Câmara dos Deputados, Fernando Coelho Filho descobriu que a retórica antiprivatização dos oposicionistas pode não ser muito diferente do discurso das legendas que compõem a base de sustentação do governo.
No Senado, o ministro teve que ouvir do ex-presidente da casa e ex-lider governista Renan Calheiros (PMDB-AL) que a privatização pensada pelo governo está sendo feita sem nenhum planejamento e na base da improvisação “em um momento em que o país claudica e suas estatais valem um terço do que valeram um dia”.
Na Câmara, o líder do governo, Leonardo Quintão (PMDB-MG), destacou que a Eletrobras está passando por um processo de reestruturação que reduziu em 31% os cargos de gerência das empresas. Quintão disse que o governo tem usado números antigos para falar sobre a relação entre endividamento e geração de caixa da estatal, e argumentou que o desempenho atual indica que ela atingiu um nível de eficiência com as medidas já adotadas pela atual diretoria. O parlamentar usou o exemplo de Furnas, e apelou para a importância estratégica do grupo Eletrobras no sistema elétrico.
“Eu não consigo entender, ministro, porque uma empresa de extrema importância para o Brasil está sendo valorada tão baixo. Estão falando em R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões”, disse Quintão, que foi aplaudido por sindicalistas na audiência conjunta promovida por seis comissões da casa. Coelho Filho recebeu também apelos para discutir melhor a privatização com o Congresso.
Um pouco mais cedo, no Senado, Renan Calheiros já havia acusado o governo de tirar do Congresso a decisão de aprovar o processo de venda da estatal, que considera estratégica. “Por isso sou contra. Acho que essa privatização vai gerar muitas especulações. O próprio anúncio [da proposta do MME] já gerou muitas especulações. Há denúncias de que o mercado financeiro já ganhou muito dinheiro”, afirmou o senador.
“Acho que esse governo de transição não pode fazer movimentos bruscos. Vender a Eletrobras sem que ela se insira num planejamento, apenas para fazer caixa, é uma coisa difícil de acontecer”, disse o senador, após lembrar que o país vai fechar o ano com um déficit de R$ 159 bilhões, e a expectativa para 2018 de que o rombo seja igual ou até maior que o de 2017.
Em meio às criticas, Renan fugiu da própria responsabilidade como articulador no Congresso das mudanças feitas pela Medida Provisória 579, considerada pelo setor como a grande responsável pelos problemas atuais do grupo Eletrobras. Relator da MP, ele admitiu que participou de várias reuniões com a presidente Dilma Rousseff durante a tramitação da matéria, mas afirmou que o governo não aceitou na época nenhuma modificação na proposta do Executivo.