O resultado do leilão de UHEs realizado nesta quarta-feira, 27 de setembro, não afeta significativamente o perfil de crédito da Engie, segundo avaliação de um relatório da agência de classificação de risco Fitch Ratings. A geradora saiu vitoriosa em seu lance para as UHEs Jaguara e Miranda e com isso adicionou 832 MW à sua capacidade instalada. O desembolso total, mediante o pagamento de uma taxa de outorga que somará R$ 3,5 bilhões, está agendado para 30 de novembro.
A Fitch afirma que a Engie Brasil será capaz de manter seu sólido perfil financeiro, apesar da expectativa de que o pagamento da taxa de concessão será totalmente financiado por dívida. E acredita que a companhia permanecerá registrando baixa alavancagem no segmento de geração de energia e forte posição de liquidez.
De acordo com o relatório, a Engie Brasil possui elevada flexibilidade financeira para honrar o pagamento da taxa de concessão, devido ao seu histórico favorável para a captação de linhas de crédito de longo prazo, ao mesmo tempo em que mantém um cronograma de vencimento da dívida alongado. Além disso, os ativos de Jaguara e Miranda estão em estágio maduro e aumentarão a diversificação do portfólio da empresa.
A Fitch afirma ainda que os novos ativos no portfólio da geradora devem contribuir anualmente com o resultado ebitda (antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em R$ 427 milhões, bem como apresentar baixas necessidades de investimento, considerando uma tarifa média de venda de energia de aproximadamente R$ 124/MWh e uma margem de ebitda de 80%.
Em base pro forma, considerando o pagamento da taxa de concessão e o ebitda adicional, a alavancagem financeira líquida, medida pelo índice dívida líquida dividido pelo ebitda, aumentaria de 0,5x para 1,4x. No final de junho de 2017, a dívida consolidada e o caixa da companhia eram de R$ 3,2 bilhões e R$ 1,5 bilhão, respectivamente, enquanto o resultado ebitda dos últimos 12 meses totalizou R$ 3,3 bilhões.
O cenário-base da Fitch continua contemplando alavancagem financeira líquida de até 3x nos próximos três anos, mesmo incorporando a possível aquisição de 40% da usina hidrelétrica de Jirau, com capacidade instalada de 3.750 MW e que ainda está com sua holding, a Engie.
A Fitch destaca ainda que os ratings da Engie Brasil se apoiam em sua posição de destaque, como maior companhia privada de geração de energia elétrica do Brasil. Sua capacidade instalada total, de 7.070 MW, obtida por meio de 31 plantas, aumentará em 11,8% com as aquisições. A empresa se beneficia de sua eficiência operacional e da existência de contratos de longo prazo de compra de energia com seus clientes. Em menor grau, a análise da Fitch considera a experiência da controladora, a Engie S.A., no setor, tendo em vista sua importância no mercado global de energia.
A Fitch classifica a Engie Brasil com os IDRs (Issuer Default Ratings – Ratings de Probabilidade de Inadimplência do Emissor) de Longo Prazo em Moedas Local e Estrangeira ‘BBB’ e ‘BB+’, respectivamente. Ambos possuem Perspectiva Negativa, e com o Rating Nacional de Longo Prazo AAA(bra) e Perspectiva Estável.